quinta-feira, novembro 21, 2024
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O Olho e a Faca | Confira a nossa entrevista exclusiva com o ator Roberto Birindelli

O novo filme do diretor Paulo Sacramento (Riocorrente), O Olho e a Faca, chega ao cinemas nessa quinta (27) e irá abordar a rotina de um grupo de petroleiros, em uma plataforma de petróleo.

O diretor já revelou que vem projetando o filme desde 2006, e seu encanto pela grandiosidade de uma plataforma de petróleo em alto mar, o fez assinar o roteiro ao lado de Eduardo Benaim.

Especificamente, o filme acompanha Roberto (Rodrigo Lombardi) tendo sua vida dividida entre mar e terra, devido aos longos meses que passa afastado da família na base. Vendo sua vida perfeita desmoronar, Roberto inicia um relacionamento com outra mulher nos momentos em que volta para casa. Enquanto isso, uma inesperada promoção ameaça os fortes laços de amizade com os companheiros de trabalho. Em paralelo aos problemas profissionais, ele também precisa lidar com a rebeldia do filho mais velho e a relação complicada com o pai.

Confira o trailer:

O filme é uma grande reflexão existencial e possui grandes nomes no elenco, como Rodrigo Lombardi, Maria Luisa Mendonça, Roberto Birindelli, Caco Ciocler, Débora Nascimento e Luís Melo, que passaram por uma preparação comandada pela renomada preparadora de elenco Fátima Toledo.

Roberto Birindelli vive um dos grandes companheiros de Lombardi no filme, e seu personagem é uma das grandes reviravoltas para o filme. E a convite de sua assessora, tivemos a oportunidade de entrevistar Birindelli, que revelou o processo de gravação do filme, seus próximos projetos e seu amor pela arte, em uma entrevista exclusiva.

Confira:

Cinestera | O Olho e a Faca acompanha a rotina de um grupo de homens, que trabalham em uma base de petróleo, logo vivem embarcados no meio do oceano. Como foi o processo de gravação? Vocês também tiveram essa experiência de afastamento da sociedade, enquanto filmavam?

Roberto Birindelli | O Olho e a Faca fala da vida de amigos petroleiros. Faço o papel de um petroleiro, envolvido num acidente numa plataforma em alto mar. Foi uma experiência de vida! Vivenciamos o dia a dia dos petroleiros, num ambiente de alto risco, e onde a natureza manda. Ficamos 12 dias embarcados, filmando e vivendo essa a vida off shore de petroleiros. O espaço foi fundamental pra determinar a atuação, a pegada da cena, e o desenrolar dos conflitos. Esta oportunidade de vivenciar a realidade in loco foi brutal. Experimentamos suas escolhas em situações limites, vendo os sonhos e pesadelos, medos e desejos dessas pessoas. Essa dureza, instintiva, de ação.

Cinestera | O seu personagem é uma das grandes chaves de virada para o filme, e possui uma amizade fraternal com o protagonista, além do entrosamento afinado com os demais colegas. Porém, depois de uma reviravolta, Wagner transparece uma mudança inesperada. Teve algum motivo que te fez aceitar esse papel? Algum diferencial, algo que lhe chamou a atenção?

Roberto Birindelli | Pois é, o roteiro passa por um aspecto da tragédia, que é a medida e a desmedida, que no roteiro aparece sempre como o que está no prumo e o que não está. Wagner representa a ordem, e seu colega Roberto, a desordem. Wagner sofrerá uma grande injustiça, mas seu colega sofrerá uma derrota ainda maior. Eu trabalhei muito tempo na indústria, e justamente ligado a prevenção de acidentes. Foi legal botar essa experiência a serviço do filme.

Cinestera | A câmera passeia por corredores estreitos, casas de máquinas e demais ambientes da engrenagem de metal incrustada no oceano. Ao longo do filme vemos os personagens mexendo com as máquinas, levando a vida de um trabalhador comum em uma plataforma de petróleo. Vocês tiveram algum treinamento prévio para lidar com os equipamentos, e o local?

Roberto Birindelli | Como ficaríamos 12 dias embarcados numa plataforma de petróleo em alto mar, tivemos que passar por severos treinamentos de segurança, fuga de helicópteros caídos no mar, de combate a incêndio, sobrevivência no mar, como lidar com combustíveis e gases tóxicos, etc. A preparação da Fátima Toledo foi essencial para os estados de risco e de impulsos instintivos que enfrentaríamos.

Cinestera | O filme possui um elenco de peso, um deles é o protagonista Rodrigo Lombardi. Você já tinha feito algum trabalho com o Lombardi? Como foi contracenar com o restante do elenco, formado apenas por homens?

Roberto Birindelli | Rodrigo é um parceiraço. Tínhamos trabalhado juntos em O Astro. O elenco chegou muito unido pras filmagens. Passamos muito tempo juntos na preparação com Fátima Toledo, nos treinamentos de segurança, sobrevivência, salvatagem e combate a incêndios. Já no primeiro dia de filmagem sabíamos a respiração e a vibração de cada um.

Cinestera | Atualmente você ta envolvido em diversos projetos na televisão e no cinema. Águas Selvagens, de Roly Santos, Loop, de Bruno Bini, são alguns de seus próximos trabalhos, além das séries Um Contra Todos e Os Irmãos Freitas. O que pode nos contar sobre seus futuros projetos?

Roberto Birindelli | Loop, de Bruno Bini (filmado em Cuiabá) onde faço um detetive que tenta desvendar um crime num tempo cíclico. Águas Selvagens, filme Noir de Roly Santos (coprodução Brasil – Argentina) sobre tráfico de crianças na fronteira, entre outras coisitas. É uma coprodução Brasil/Argentina, em que sou protagonista, o filme entrará em cartaz em todo Brasil até o próximo ano.

Ainda tem o longa “Human Persons”, coprodução Canada, Colômbia, Brasil, de Frank Spano participou do 35º Chicago Latino Filme Festival. Na TV, em 2019, já estou no ar com “Proibido Para Maiores”, no Prime Box Brazil; e gravando a nova temporada de “Um Contra Todos” da FOX. Também ainda este ano e também participo da série “Os Irmãos Freitas” que estreia no em outubro no Canal Space.

Cinestera | E com tantos projetos para acontecer, como é estar gravando tantas séries e filmes para os mais diferentes canais, com personagens totalmente diferentes? Você consegue algum intervalo entre os lançamentos e as filmagens?

Roberto Birindelli | Realmente é complicado. Dinâmicas diferentes. Temos que nos adequar a sistemas produtivos peculiares. Sempre tentamos equilibrar agendas. Mas aí está boa parte do prazer de nossa profissão.

Cinestera | Você veio do Uruguai, e por lá passou pela ditadura militar, enfrentando diversas dificuldades como imigrante. Você também é formado em arquitetura e artes cênicas, viajou por muitos países a trabalho, logo tem uma grande bagagem sobre arte, além de vivenciar momentos políticos importantes. Para você qual a importância da arte atualmente, visto que o cinema nacional está passando por uma crise?

Roberto Birindelli | Sou de 62, Montevidéu. Nos anos 70, o golpe militar foi muito duro, não se vislumbrava muito caminho a seguir. Vim com meus pais, e Porto Alegre não era a primeira escolha, mas acabou sendo muito acolhedora. Choque cultual, língua (eu não falava quase nada de português) valores, idiossincrasias. Os primeiros anos foram meio isolados, trabalhando, tentando um mínimo sustento. Faculdade de arquitetura, grupos de música, poesia (cheguei a editar livro independente com poemas meus) mímica e dança. O teatro veio depois. Bem mais tarde fiz a Faculdade de Artes Cênicas, cinema, lecionei, e mais recentemente a TV. Depois me formei em artes Cênicas, e fui estudar na França, Italia, Dinamarca, e trabalhar em grupos de lá.

A arte trabalha essencialmente com o ser humano compreendendo a si mesmo e a seu tempo, suas circunstâncias. A arte é um ato de amor e resistência.

 


 

O Olho e a Faca chega aos cinemas brasileiros no dis 27 desse mês.

 

Patrick Gonçalves
Carioca, estudante de comunicação, apaixonado por séries e filmes, coleciono DVD's e ingressos de cinema.

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