A série que é ambientada numa São Paulo futurística onde a maconha foi legalizada começa contando a história de Biriba (Luís Navarro), um jovem traficante que mora na fictícia comunidade Pico da Neblina na zona leste de SP e vê através dessa mudança na lei, uma oportunidade de ter um negócio próprio e legal, além é claro de conseguir mudar a vida de sua família.
Aos poucos a série vai nos apresentando os personagens e como eles estão interligados e, ao mesmo tempo nos mostra uma realidade que muitos acham que não existe ou preferem chamar de submundo, mas basta andarmos um pouco pela cidade e aquela frase “a arte imita a vida” se torna cada vez mais explicada e real, que segundo o diretor Quico Meirelles, vão ser aspectos e características pertinentes na história que terá também um toque humorístico com o personagem Vini (Daniel Furlan), futuro sócio de Biriba.
Nessa premissa vamos vendo o quanto realmente Biriba é bom para fazer negócios, coisa que Salim (Henrique Santana) sabe muito bem e vai usar disso como base para uma proposta de “promoção de cargo” para ele. Com isso, Biriba vai percebendo a real noção de como funcionam as coisas no tráfico, já que ele só tinha clientes de padrão muito diferente da realidade em que vivia e isso era visto de modo superficial, mesmo tendo um histórico familiar nesse tipo de negócio, coisa da qual não se orgulha nem um pouco.
A narrativa é simples e bem desenvolvida ao longo do episódio, e é claro que não vão faltar gírias e locuções que parecem nem ser reais, mas isso é algo comum para o gênero abordado, e também não vai ser algo que incomode o público no entendimento da trama, já que tudo é bem explicado. Características assim são comuns quando vemos Fernando Meirelles envolvido na produção, como no premiado filme Cidade de Deus, cujo gênero e história podem ser associados.
A representatividade feminina na série é bem explorada, pelo menos conseguimos ver isso nesse primeiro episódio, mas segundo Fernando Meirelles é algo que vai ser muito mais explorado ao longo da temporada. Percebemos isso ao começar pelo núcleo familiar de Biriba, formado pela sua mãe (Teca Pereira), irmã (Lailah Moreno) com suas filhas.
Pico da Neblina pode não parecer muito original a princípio, mas vai te conquistando na medida em que a história é apresentada e vamos conhecendo os personagens. Assim como em outras produções originais da HBO, essa parece que não vai deixar a desejar, já que nesse primeiro episódio vamos sendo cativados com as intrigas e histórias dos personagens que pode muito bem nos lembrar de histórias reais parecidas, com isso, nos damos conta de que a discussão a ser levantada vai além do tráfico de drogas e, principalmente da legalização da maconha mais também trata de vidas e sobrevivência.
