Eu fico tão feliz em começar esse texto falando que Zumbilândia 2: Atire Duas Vezes é simplesmente fenomenal e bem construído.
Geralmente em sequências nós sentimos uma sensação de cansaço e desgaste, porém esperar cerca de dez anos para fazer o outro filme deu super certo e foi o que realmente conseguiu sustentar essa narrativa maluca – no bom sentido.
A evolução e o desenvolvendo os personagens de onde eles começaram, até o ponto onde eles estão agora, é explicado da forma mais fácil possível, pra quem não assistiu o primeiro entenda como o filme funciona. Como mostrado no primeiro filme, a família é o grande centro da trama – mesmo os quatro protagonistas não sendo uma real família.
Essa sequência incrivelmente conseguiu trazer de volta todos os nossos antigos protagonistas, e deixar eles com a mesma essência, o Columbus (Jesse Eisenberg) é um neurótico e maluco por regras, que criou um relacionamento com Wichita (Emma Stone), mas os dois estão passando por maus momentos, depois de 10 anos juntos. Como sempre ela continua com aquele mal-humor, que parece que nunca passará. A irmã mais nova do grupo vulgo Little Rock (Abigail Breslin), está querendo seguir independente, de sua família controladora e meticulosa, enquanto o Tallahassee (Woody Harrelson), passa a maior parte do seu tempo, dando concelhos para a Little Rock e concertando carros ou brincando de ser papai noel.
Mas enfim, em um certo momento por um certo motivo a Wichita e a Little Rock fogem e deixam uma carta, para os meninos que agora ficaram na Casa Branca – que agora deveria se chamar casa encardida. No meio dessa viagem das duas elas dão de cara com o Berkeley (Avan Jogia), um pacifista, que usa muitas drogas e canta músicas nada autênticas. O mais engraçado de tudo é que ele não acredita em matar zumbis – e a grande pergunta que fica é: como ele sobreviveu a tudo isso?
O humor desse filme é preservado de uma forma autêntica, pois eles partem do princípio que o mundo acabou em 2009 – então não tem como eles fazerem piadas com a cara do Trump, por exemplo – no primeiro filme o Tallahassee sempre foi o personagem destemido e sagaz, que não seguia as regras e só fazia o que era bom pra ele, agora todos estão nessa vibe, mas no geral todos se ajudam, como uma disfuncional família.
Um fato interessante é que esse segundo filme se apoia muito no primeiro – mesmo que não necessariamente você tenha que ver o primeira pra ver esse – então se você estiver com a mente fresca das piadas de 2009, você pode apostar que as risadas serão mais frequentes no decorrer do filme – relembrem da garota do apartamento 406.
O Eisenberg continua com sua narração onisciente durante o caminho e ele explica meticulosamente os novos tipos de zumbis, onde conhecemos o Zumbi Homer e o Zumbi Hawking (de Stephen Hawking), também temos textos animados aparecendo em torno dos personagens e dos zumbis, sendo que as melhores mortes de zumbis são apresentadas no decorrer do filme.
O diretor Ruben Fleischer (“Venom”) está conduzindo a sequência e ele prova que ele é um bom diretor – mesmo que em Venom ele não conseguiu fazer seu trabalho direito. Enquanto o escritor Dave Callaham se junta aos roteiristas originais, Rhett Reese e Paul Wernick, para adicionar mais personagens para o nosso eterno prazer. Além disso todos eles sabem captar bem a essência da cultura popular e deixa-las estranhas e perturbadoras.
Sobre as novas adições, eu preciso começar com a Zoey Deutch uma patricinha, que adora usar rosa e se escondeu por 10 anos no freezer de um shopping. Ela acaba dando de cara com o Columbus que agora está sozinho, e ela deixa a vida dele um pouco mais “cintilante”. A Madison (Deutch) é constantemente menosprezada por todos, pelo jeito otimista e despretensioso que ela se comporta, mas ela no geral tem uma inteligencia peculiar, que ajuda em algumas ocasiões. – Além disso ela que criou a Uber – ah vocês entenderão.
Outro destaque positivo foi a Rosario Dawson como uma misteriosa amante do Elvis, conhecida como Nevada. Vocês já imaginam com quem ela dá um match! Ela é destemida e forte, e não deixa ninguém passar por cima dela. Ela e uma grande aliada do nosso time de protagonistas.
O único e pequeno problema de Zumbilândia 2, é não criar um contexto para a road trip, mais elaborado. Primeiro de tudo o Berkeley, é um personagem inútil e necessariedade, as piadas que ele faz são tecnicamente clichês e sem graça, e a maioria das cenas com ele foram divulgas nos materiais promocionais. Porém essa ressalva é a única coisa que me incomodou levemente no filme.
Como um suspiro final – antes que os zumbis me peguem – fique atento aos créditos finais. O filme tem [duas] sequências pós-crédito. Uma delas é com o Bill Murray, a outra não cheguei a ver.