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Crítica | Três Verões (2019) – Festival do Rio 2019

Três Verões fez sua estreia nacional durante o Festival do Rio 2019, seguido de um debate onde a diretora, Sandra Kogut, explicou que sua intenção era abordar as consequências da famosa operação Lava-Jato que acontecem por trás dos bastidores. Infelizmente, Sandra não consegue atingir sua intenção, em certo ponto, criando um filme consistente ao mostrar caricaturas da classe baixa do Brasil, porém sem fundamento quando se pensa em uma trama, ou desenvolvimento.

Regina Casé vive Madá, uma zeladora de uma luxuosa casa em Angra dos Reis, responsável por organizaR a casa e gerenciar os empregados do casal Edgar (Otávio Muller) e Marta (Gisele Fróes). Ao longo de Três Verões Madá precisa lidar com o planejamento de festas entre o Natal e o Ano Novo na mansão, ao mesmo tempo em que sonha em comprar um terreno para que possa abrir seu próprio negócio, ter um quiosque na beira da estrada. Para isso, ela pede ajuda ao patrão, que lhe empresta dinheiro para ser descontado mensalmente de seu salário, sem imaginar o problema que esse negócio lhe causaria.

Sandra e a também roteirista Iana Cossoy Paro criam uma linha temporal interessante para abordar a narrativa, apresentando apenas as semanas finais entre os anos de 2016 e 2018 e suas festas típicas. Apesar do foco, subentendido, ser a reação da Lava-Jato na vida dos empregados da casa, o filme não transmite fundamentos em suas cenas, que parecem não desenvolver nenhuma trama no filme. Alguns planos-sequências são longos demais, deixando as cenas expositivas, por exemplo a cena da primeira festa na casa e a cena da gravação da propaganda natalina.

O roteiro é recheado de ótimas piadas, inclusiva algumas dão um tom bastante atual para o filme, aqui falando do momento em que Madá sugere transformar a casa de luxo em um Airbnb. Em algumas cenas, o filme se baseia unicamente na protagonista da Casé, detentora de todas as boas piadas do filme.

Assim que o filme começou e eu vi a Regina Casé, mais uma vez vivendo uma empregada, eu sabia que iriamos ver uma mesma personagem já abordada nas telas do cinema. E foi o que aconteceu. Apesar de ter um toque um pouco diferente, de uma empregada mais atual, conectada as novas redes sociais e as tecnologias, a personagem de Casé não foge muito do estereotipo de empregadas domesticas criada pelo cinema, e já apresentada pela atriz em filmes como, Que horas ela volta?. Porém, a atriz consegue sustentar o filme e ser a grande estrela entre seus amigos de trabalho, que também nutrificam o jeitinho brasileiro mostrado no filme.

Com isso, o filme de Kogut cumpre seu dever com bastante verossimilhança ao mostrar um grupo de empregados, que se unem diante das dificuldades. Porém, a trama parece acontecer sem ser mostrada, ou seja, o filme é repleto de cenas engraçadas e boas histórias, que escondem sua trama. Três Verões se ampara unicamente na personagem de Casé, que mostra mais um vez seu talento, e no roteiro repleto de piadas que fazem o grande público rir.

Obs: eu espero muito que a Regina Casé comece a mostrar seu talento em outros papeis, menos caricaturalizados.

*Filme assistindo durante a cobertura do 21º Festival do Rio 2019

Patrick Gonçalves
Carioca, estudante de comunicação, apaixonado por séries e filmes, coleciono DVD's e ingressos de cinema.

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