Eu não sou muito fã de séries de comédias, muitas das vezes por achar as piadas ruins e pelos enredos vazios e fracos. Porém, o ascendente serviço de streaming da Amazon (Prime Video) conseguiu acertar na criação de The Marvelous Mrs. Maisel, que no seu primeiro ano já arrecadou 5 Emmys, incluindo o de melhor série de comédia, e 2 Globos de Ouro.
O segundo ano de The Marvelous Mrs. Maisel vem ainda melhor, trazendo mais personagens para trama, dando espaço para aqueles não tiveram seu arco muito desenvolvido, a direção de arte mantém o excelente visual da primeira temporada e, por fim, o desenvolvimento da temporada consegue seguir uma corrente sem muitas distrações.
Na temporada anterior assistimos a vida de Miriam “Midge” Maisel (Rachel Brosnahan) virando de cabeça pra baixo, acostumada a cuidar da casa, do marido e dos filhos, Midge teve que lidar com a traição de Joel (Michael Zegen) pela secretária, o que causou sua mudança para a casa de seus pais, com a descoberta da vocação para o stand up comedy e com a vida de mãe solteira buscando emprego.
Logo no inicio da 2ª temporada lidamos com Miriam no setor telefônico da B. Altman, seu novo emprego, atendendo uma chamada de seu pai Abe (Tony Shalhoub) que está desesperado pela permanência da mãe em Paris. Midge então viaja para a cidade das luzes com seu pai, na esperança de trazer Rose (Marin Hinkle) de volta para casa. Com mais tempo de tela, prestigiamos a excelente atuação de Tony Shalhoub, que passa a comicidade em qualquer gesto que faz, e da Marin Hinkle, nessa temporada o arco de Abe e Rose se tornou presente a temporada inteira.
Destaque também para as tramas de Joel que, após terminar com a secretária, se encontra morando no seu antigo quarto, na casa de seus pais, buscando um rumo para a sua nova vida, fazendo com que a antipatia da temporada anterior fosse amenizada.
A conexão entre Susie (Alex Borstein) e Miriam é surreal, podemos ver a construção da amizade entre as duas, no momento em que Susie é convidada a ser agente da Sophie Lennon (Jane Lynch) e não aceita a proposta.
Rachel Brosnahan faz por merecer todas as suas indicações e prêmios, com uma atuação impecável, Rachel possui presença de tela e faz cenas discutíveis, quando ela se apresenta em um bar de Paris com uma tradutora ao lado, se tornarem magníficas.
As cenas de stan-up da Sra. Maisel dão um show, com seu ritmo rápido e suas piadas ácidas, a criadora Amy Sherman-Palladino (Gilmore Girls) deixa sua assinatura no roteiro da série. Acompanhando a ascensão de Miriam nas cenas noturnas de Nova York, os planos de cortes se mesclam durante a série, por exemplo, a junção da Torre Eiffel e do Empire State, que é feita com um giro de 180 graus.
Ambientada na Nova York de 1958, The Marvelous Mrs. Maisel mostra uma direção de arte primorosa e detalhista, os figurinos merecem ser aplaudidos de pé, principalmente as roupas da Midge, os cenários, são também um excelente ponto positivo da série, desde o bar em que Miriam se apresenta até a casa em que mora, todos possuem detalhes ótimos que nos transmitem para aquela época.
Característica presente nas series da Palladino, testemunhamos Midge desbravando o mundo machista e conservador da época, conquistando lugar em um ramo que era “restrito” a homens, fica claro tal detalhe na cena em que Midge é interrompida e expulsa após fazer piadas sobre os comediantes presentes no bar.
Zachary Levi, o nosso futuro Shazam, é introduzido na trama como o novo amor de Miriam, que em um primeiro momento faz um favor para a mãe saindo com Benjamin, mas logo após se vê nos braços do médico bem-sucedido. Will Brill também marca presença na temporada, trazendo um novo arco para série, entre Noah, irmão de Midge, e seu pai Abe.
Ao final da temporada Midge é convidada para ser o show de abertura da turnê de um cantor famoso da época, e ao perceber que aceitou o convite sem exitar e sem pensar nos filhos e na família, Midge recorre ao seu amigo de Stand-up Lenny Bruce (Luke Kirby), que faz um discurso e apresentação admiráveis sobre ser sozinho na vida.
The Marvelous Mrs. Maisel conseguiu me cativar, e apresentou grandes melhorias em seu segundo ano, o visual dessa temporada não deixou nada a desejar, a trilha sonora ao final dos episódios trouxe músicas com um tom da época e maravilhosas, as atuações estão perfeitas, para o próximo ano poderíamos ter episódios com duração menores, apenas.
