O David Gordon Green é um diretor que fez um ótimo trabalho em Halloween de 2018, e quando eu entrevistei ele uns meses atrás pra falar de O Exorcista: O Devoto ele demonstrou uma baita empolgação com esse filme que é uma sequencia direta de ‘O Exorcista’ de 1973 (tanto que ele ignora as duas sequencias, o prequel, o filme de tv, e a série de tv), enfim, esse filme veio pra tentar dar um novo up pra franquia, mas ele só afundou o nome exorcista ainda mais. Tristemente assim como o tenebroso Halloween Ends, O Exorcista: O Devoto é um filme que mais erra do que acerta.
Esse novo filme é melhor do que O Exorcista II.
Eu mesmo tinha ficado aterrorizado com o primeiro exorcista, e esperava pelo menos receber uma cena memorável, mas o filme não consegue entregar isso, e enquanto eu voltava pra casa da pré estreia, eu só fiquei pensando que esse filme tinha boas ideias, mas por conta da ganancia do estúdio de fazer uma trilogia, essas idéias acabaram se tornando mal desenvolvidas. Isso tornou o segundo e terceiro ato do filme uma completa bagunça que vai desagradar muito os fãs do filme original.
Na trama aqui do filme conhecemos o Victor ( Leslie Odom Jr. ), que perdeu sua esposa em um terremoto no Haiti, e ele está criando sozinho sua filha Angela (Lydia Jewett), de 13 anos, porém essa menina se junta a sua amiga Katherine (Olivia O’Neill), e as duas saem da escola e vão pra floresta fazer um ritual pra Angela entrar em contato com sua mãe morta. Tipo o que poderia dar errado né?
Acaba que as duas meninas desaparecem por três dias e quando retornam elas estão diferentes, elas começam a fazer coisas estranhas e perturbadoras, mas nada nesse filme assusta ou dá medo. O filme usa seu primeiro ato pra focar no mistério do desaparecimento das garotas, já o segundo ato fica pras estranhezas delas, e o final do terceiro fica pro exorcismo, sendo que o clímax é tão fraquinho que você torce pra tudo acabar rápido.
Todas as “boas cenas do filme estão num trailer que tem 2 minutos, e isso já diz muito sobre ele”.
Não vou mentir pra vocês, eu tava achando legalzinho o desenrolar da estranheza das garotas. Mesmo não dando medo e as vezes sendo engraçado, ainda assim as atrizes são boas. Porém o filme nunca engata e ele introduz tantos personagens e sub tramas que tudo se torna um emaranhado de informações no final, e algumas dessas sub tramas são só ganchos pra sequencia, e isso deixam uma sensação de que você não viu um filme completo, na verdade parece que você viu o piloto de uma série de tv.
Nem culpo inteiramente o David Gordon Green por esse filme ser fraquíssimo. Até por que tem umas cenas bem dirigidas, eu gostei da cena da igreja, e da cena do exorcismo, o problema aqui do filme é o roteiro, que o David escreveu com o terrível roteirista Scott Teems. Não sei como o cara ainda arranja trabalho em hollywood. Ele escreveu aquele péssimo chamas da vingança, escreveu o fraquissimo Sobrenatural A Porta Vermelha, e claro foi responsável pela bomba de halloween kills. Esse cara deveria tá na prisão por comer tantos crimes, e O Exorcista: O Devoto é outro desses crimes.
As duas jovens atrizes Lydia Jewet e Olivia O’Neill atuam bem, e até suas versões possuídas passam um certo charme. Mas todas as frases que saem das suas bocas são supérfluas.
Eu ainda nem comentei que a coisa que mais me incomoda aqui foi a forma com que usaram a Ellen Burstyn, que retorna pra viver a Chris MacNeil, a mãe da Regan. Porém ela recebe recebeu um papel tão gratuito que a única explicação plausível pra ela estar aqui é a bolsa de estudos pra jovens atores, que a Blumhouse prometeu se ela voltasse.
A personagem vive na sombra do protagonista, e quase não se sobressai, mas ainda assim ela é uma força que sempre impulsiona a gente pra saber onde tudo isso vai terminar, e o Leslie Odom Jr é aquele ator que tá alí fazendo o trabalho dele pra pagar seus boletos no final do mês, até por que é notável pelo olhar dele que ele nem queria tá alí. Então mesmo que o filme desagrade, o elenco ainda assim é muito bom.
O filme ainda conta com vomito, palavrões sendo falados pela boca das menininhas encapetadas, os pais dessas meninas descobrirem que demônio existem, e o exorcismo no último ato que tinha uma ideia realmente intrigante mas tudo foi feito da maneira mais boba possível tornando esse terror uma comédia sem sustos.