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Critica | O Enfermeiro da Noite (2022) – Filme da Netflix sobre infame serial killer Charles Cullen

Baseado em uma história real, ‘O Enfermeiro da Noite’ é uma adaptação do livro de mesmo nome que conta a terrível história do enfermeiro Charles Cullen. Também conhecido como o serial killer mais mortal da história americana, já que ele ficou 16 anos trabalhando e matando na área de enfermagem e ninguém parou ele.

A Netflix nos trouxe a adaptação dessa história em formato de filme, e o diretor teve o difícil trabalho de condensar a história do Charles em 2 hora, mas ele conseguiu fazer esse trabalho de uma maneira incrível.

Em vez de focar só no assassino, os roteristas preferiam centrar a história na enfermeira da UTI Amy Loughren ( Jessica Chastain ), que foi a última colega de trabalho do Charles ( Eddie Redmayne ), e ela também foi a pessoa que teve a bravura de ir atrás de respostas pra entender por que tanta gente estava morrendo no turno dela. Sendo que ela é mãe solteira de duas filhas, e ainda lidava com um sério problema cardíaco que a fazia correr risco de vida, já que ela estava sem seguro de saúde.

Toda essa história até parece ficção, mas por incrível que pareça tudo isso é real. A própria Amy além de ter ajudado a detalhar os fatos do livro, ela ainda serviu como produtora do filme. Por conta disso esse longa consegue seguir muito os acontecimentos reais, e ele altera poucas coisas.

Então vamos lá, primeiro eu preciso elogiar as performances da Jessica Chastain e do Eddie Redmayne, eles estão vorazes, e super intensos.

Cada um com uma peculiaridade. O Eddie Redmayne vive o Charles de uma maneira branda, ele fala de uma maneira suave, ele interage com as filhas da Amy como se fosse alguém bondoso, mas na encolha ele injetava insulina e digoxina, nas bolsas de soro do hospital pra matar alguns pacientes.

A forma com que ele agia, e a frieza que ele tinha que ter pra matar as pessoas e fazer cara de paisagem, isso foi bem retratado na tela pelo Eddie. Sendo que no último ato quando o Eddie grita e tem um ataque de pânico na cena que ele é detido pela policia, esse momento me deixou com tanta raiva, que eu tava ficando estressado e só queria que os policias desse uma coronhada nele.

Porém é aí nesse momento de raiva que a Amy entra e com isso a Jessica Chastain, entrega sua melhor performance do filme. Ela tentando acalmar o Charles, e combatendo a fúria dele, e a psicopática dele, com os momentos bons que ela passou com ele, e com a bondade que ela havia visto nele.

Esse foi o momento que ela afastou o lado obscuro que tinha dentro dele, e fez com que ele confessasse, que ele matava pessoas. Tudo bem que ele não confessou todas as vítimas, mas ele falou de algumas, que já foram o bastante pra policia prender ele.

As cenas mais tensas, são as mais bem filmadas

A Jessica Chastain não só arrasa nessa cena final, como também entrega uma performance digno em todos os outros momentos do filme, com destaque pra cena do restaurante, que na vida real durou 3 horas essa conversa dos dois, mas no filme o diretor teve que encurtar pra algo que durasse 3 minutos e ainda entregasse a maneira tensa que aconteceu na vida real.

A construção da cena foi bem precisa, só a duração dela que foi mais encurtada. Já outra cena que eu adorei, foi aquela que a Amy vai investigar as bolsas de soro, e ela sobre as escadas, e o seu coração começa a falhar. Ela até encontra a bolsa de soro que acaba sendo o estopim pra ela e a policia iniciarem uma investigação mais a fundo pra capturar o Charles porém, foi um risco tremendo ela ter passado por essa situação. A cena foi tão bem atuada e bem filmada que eu mesmo fiquei com um aperto no coração.

Alías um ponto interessante do filme como um todo, é que mesmo que eu soubesse toda a história. Eu dei play no filme mais pra ver as performances dessa dupla de protagonistas do que pra qualquer outra coisa. Esse é um daqueles tipos de filme que a gente já sabe tudo que vai acontecer, mas a gente assiste pra ver como ele vai ser desenvolvido, e como ele vai contar essa tal história longa em um curto período de tempo.

A negligencia do sistema de saúde americano ganha palco aqui no filme

Sendo que uma das principais abordagens dessa história é a falta de caráter dos executivos dos hospitais que o Charles já trabalhou. Todos eles desconfiavam dele, mas todos também fecharam os olhos pro comportamento irregular dele. Essa história escancara em duas vertestes as falhas no sistema de saúde americano.

Tanto na vida da Amy com o transplante de coração que é um procedimento de urgência, mas ainda assim ela teve que cumprir carências pra fazer essa cirurgia, quanto pra negligencia sobre a má conduta do Charles. Ele matou aproximadamente mais 400 pessoas, porém os hospitais fingiram demência pra esse caso, e nunca nem tentaram investigar pra não mancharem sua reputação. Tanto que o própria diretor disse ao site Los Angeles Times, que o filme á mais focado na banalidade das instituições de saúde, do que em sí na história do serial killer.

Como o Charlie matava?

Por falar em serial killer, mesmo que vejamos algumas mortes aqui no filme, todas as vítimas foram ficcionais. O diretor optou por não adaptar mortes reais, pra não re-traumatizar as famílias das vítimas. Porém o modus operante do Charles é o ponto que ele queria abordar na tela. Ele realmente usou a tática de injetar substancias nas bolsas de soro. Mas é bom ressaltar que essa tática não foi sua única forma de matar, ele na verdade usou outros métodos durante seus anos de serial killer. Entretanto o diretor disse que teve que condensar essas outras táticas pra dramatizar melhor a história do filme.

Quais outras alterações teve no filme?

Além dessa mudança, o filme também condensou uma linha temporal de seis meses de uma maneira mais fluida que desse ritmo pra história. Ele também fez com que o Charles fosse na casa da Amy, e criasse uma relação de amizade com as suas filhas. Isso no caso não aconteceu na vida real, ele nunca chegou a conhecer as filhas da Amy. Porém pra tornar a amizade da Amy e do Charles mais forte eles optaram por essa escolha narrativa.

Mas de resto o filme foi muito real, e segundo a própria Amy o Eddie e a Jessica foram muito precisos em todas as cenas. Os trejeitos e o sotaque do Eddie eram idênticos ao do Charlie, e a Jessica fez com que a Amy tivesse garra e nunca abaixasse a cabeça.

Ah, e um ponto importante segundo o site Sky News. A Amy se aposentou da enfermagem a 18 meses atrás, e o Charles está preso desde 2003 e nunca falou os motivos pra ele matar as pessoas. Ele chegou a alegar que matava as pessoas que estavam “muito doentes” mas isso é mentira.

Matheus Amaral

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Matheus Amaral

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