É interessante que mesmo não atingindo o potencial das Graphic Novels de mesmo nome, Locke e Key conseguiu entregar uma trama misteriosa, com personagens interessantes.
Locke & Key, é uma graphic novel criada por Joe Hill e Gabriel Rodriguez, a complexidade de adaptar essa HQ é tão grande, que que desde 2014, já surgiram projetos de filmes e séries e nenhuma foi pra frente!
Até que a Netflix conseguiu trazer esse projeto pra nós meros espectadores. E eu digo que o material final apresentado na Netflix é uma agradável surpresa!
A série é centrada nos Locke, o Tyler, a Kinsey e o Bode que são os filhos da Nina. Todos se mudam pra “Keyhouse” depois que o patriarca da família, Rendell é assassinado. Esse assassinato aconteceu em circunstâncias misteriosas, então os três irmãos Locke encontram chaves mágicas que podem estar ligadas à morte de seu pai. À medida que eles descobrem as diferentes chaves e seus poderes, um demônio misterioso aparece para atrapalhar a vida deles.
Essa premissa da série também serve como premissa da Graphic Novel, mas logo no primeiro episódio você sente a diferença entre as duas. Se você esperava a violência e o visual meio macabro da Graphic Novel você vai se decepcionar, já que a série é mais amena nesses quesitos. Eu senti que assim como a maioria das série da Netflix, eles quiseram ter uma abrangência maior e então deixaram a série um pouco menos pesada.
Também senti alguns dramas adolescentes meio indigestos, porém entendo que era necessários pra alguns enredos. Eu curti a narrativa que é bem fiel, eles realmente só tentam colocar menos sangue e menos terror. Porém o suspense é bem similar e a Keyhouse é perfeita, sem defeitos e cheia de detalhes.
Uma série linda visualmente
O design de produção o David Blass, que também já teve em Preacher, fez a casa ter um tom bem sinistro e escondeu muitas pistas na nossa linha de visão. Agora eu digo que foi difícil ignorar algumas alterações; que se eu falar será um spoiler, porém se você é como eu que leu, eu digo que até o final da temporada, você se acostuma com essas mudanças.
A Keyhouse é um lugar cheio de chaves mágicas, cada uma com suas seus segredos. O Tyler e a Kinsey têm um enredo bem legal envolvendo as chaves, mas o Bode, é o grande destaque com algumas coisas mágicas que rodeiam seu arco narrativo.
Essa versão de Locke e Key é quase que um Perdidos no Espaço, em temos de arcos narrativos separados para os personagens, ao mesmo tempo que temos o drama família presente em torno da narrativa. A família Locke tem sua história contada através de insights que nos vemos em flashbacks e também por conta da Head Key, que é uma chave que as pessoas colocam na nuca e ela abre uma porta pra sua mente.
É fantástico como cada pessoa tem uma mente diferente e como visualmente isso é expressado na tela, diria que eu gostei mais de ver isso na série do que na Graphic Novel.
Ficou perfeito?
Além disso a forma que eles constroem o relacionamento entre a família é admirável, isso faz nós espectadores criamos uma empatia pelos personagens e também da um ar mais aprofundado sobre os acontecimentos misteriosos.
No começo da temporada o Tyler e a Kinsey tão em um arco juntos e a parte mais massante são os típicos dramas adolescentes que a Netflix adora ter em nas séries, como o casalzinho e pessoas malvadas. A série se perde um pouco quando começa a internação muitas tramas ao mesmo tempo, porém mais pro final essas tramas se unem pra concluir a história, e daí as coisas ficam bem interessantes.
A série tenta ao mesmo tempo ser um drama familiar convincente, suspense sobrenatural, mistério de assassinato e drama escolar durante toda a primeira temporada. Enquanto o enredo da família e os elementos de fantasia envolvendo as chaves funcionam bem, outros aspectos do enredo não são tão memoráveis.
A Dodge (Laysla De Oliveira), é uma mulher misteriosa que atormenta a família Locke na esperança de pegar as chaves. Ela consegue ter um mistério no olhar e na aparecia. Mas diferente da Graphic Novel, que a personagem é muito tenebrosa aqui ela se torna mais amena, e menos maldosa. Como vilã central, você esperaria que Dodge fosse uma personagem verdadeiramente aterrorizante, mas mesmo quando ela mata alguém de uma maneira que deveria ser chocante em qualquer outra situação, a série não trata isso da maneira certa.
Locke & Key, atinge o foco nos vínculos poderosos da família Locke, o Jackson Robert Scott como Bode é o destaque mais positivo da série. No entanto, a série luta para criar uma vilão e falha nesse quesito.
Como ela já está renovada para uma segunda temporada, eles tem uma chance de concertar os leves erros que essa temporada inicial teve.