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Crítica | Albatroz (2019)

Albatroz, novo suspense brasileiro dirigido por Daniel Augusto, que dirigiu Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho e escrito por Bráulio Mantovani, que escreveu também Cidade de Deus e Tropa de Elite, tem um grande potencial, com uma grande história a ser contada, porém se perde no excesso de complexibilidade e na falta de objetividade nos acontecimentos. Com um jogo intenso de luzes fortes, flashes e sons desconfortáveis, o filme é diferente de qualquer obra nacional, resultando em uma viagem sensorial, não muito agradável. 

No longa acompanhamos o fotógrafo Simão (Alexandre Nero), que é sinestésico, capaz de ouvir e sentir cores, casado com Catarina (Maria Flor), uma compositora de jingles publicitários. Ao conhecer e se apaixonar pela atriz judia Renée (Camila Morgado), Simão faz uma viajem a Jerusalém com Renée. Lá ele acaba registrando um atentado terrorista, o que lhe torna mundialmente famoso. Mas, ao mesmo tempo, surgem críticas negativas por ele ter fotografado em vez de tentar evitar a tragédia. Simão entra em depressão e, com a ajuda de sua ex-namorada Alicia (Andréa Beltrão), fica na fronteira entre realidade, sonho e delírio. 

Augusto constrói cenas bonitas, mirando na fantasia, ficção científica e Thriller, colocando o filme em conceitos inerentes ao cinema independente, que geralmente se tornam cult, porém, esta é uma produção mainstream mirada ao grande público – que lota os multiplex de shopping. O diretor traz um filme confuso, com o intuito de fazer o público pensar, acaba entregando um final sem muitas explicações. 

Com uma narrativa não-linear, Albatroz é contado entre passado, presente, realidade e sonho, colocando o público em um grande mosaico difícil de compreender e com um final não prazeroso. Com suas 01 hora e meia de duração, Albatroz se torna cansativo e longo, devido ao seu estilo de montagem pesado, porém rápido. Até certo ponto, o telespectador pode se ver preso na trama, mas ao chegar no fim, os mesmos já não sabem diferenciar realidade e sonho.

O ponto alto do filme se torna a relação dos personagens e o elenco. Alexandro Nero está em ótima forma, interpretando um personagem denso, que fica no meio da sanidade e da loucura, não sabendo mais o que está acontecendo consigo mesmo. Maria Flor é esposa de Simão e seu sumiço dá o pontapé inicial a insanidade do fotografo, a atriz entrega um drama forte, mas sem muito desenvolvimento. Camila Morgado é Renée, uma atriz que se junta a Simão para se aventurar no mundo e nas fantasias sexuais do casal. Camila Morgado faz uma das melhores atuações do filme, na cena em que conhece Simão. Já Andréa Beltrão, vive Alicia, responsável pela insanidade de Simão. Alicia é ex-namorada de Simão, que está escrevendo um livro, enquanto se vê na beira do abismo da sanidade, muitas vezes (ou todas) recaindo na loucura. E por fim, Andreia Horta interpreta a Dra. Weber, uma neurocirurgiã, responsável por movimentar o filme e por cenas surreais, sensíveis e sensoriais, como a cena do orgasmo.  

Com uma bela fotografia de Jacob Solitrenick, Albatroz faz uma constante sobreposições de imagens, flashes com cores fortes e ilusões de óticas, imergindo o telespectador em uma montanha russa sensorial. Jacob faz uso também de bastantes fotografias em preto e branco, para tentar situar o público entre passado e presente. Já o trabalho de mixagem sonora de Gustavo Garbato, é essencial para estimular a viagem sensorial do filme. Aqui, Gustavo faz uso dos diversos canais de áudio, criando uma ambiência forte às alucinações. Destaque para a cena do orgasmo colorido, que com seus flashes de imagens coloridas e sons fortes, pode causar a famosa coceira no cérebro, conhecida como tingles, pelos mais afeitos por ASMR. 

Albatroz é um filme fora da caixinha, que faz o telespectador viajar em um enigma sensorial que não se completa. Com uma mixagem de som forte, cortes abruptos, flashes coloridos e um roteiro não-linear, o filme de Daniel Augusto pode soar confuso, difuso e polissêmico. Sem distinguir muito o que é realidade e sonho, Albatroz, faz o público pensar, até o momento em que ficam imersos a louca viagem do filme, sem saber se o que estão vendo é real. Apesar de ter seus pontos negativos, Albatroz traz um bom elenco, com uma abordagem diferente dos filmes brasileiros já criados. 

Patrick Gonçalves
Carioca, estudante de comunicação, apaixonado por séries e filmes, coleciono DVD's e ingressos de cinema.

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