domingo, dezembro 22, 2024
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Crítica | Adoráveis Mulheres (Little Women) – Festival do Rio 2019

Greta Gerwig retorna na direção de uma das adaptações mais aguardadas de Hollywood. Após mais de cinco adaptações, a última dirigida por Gillian Armstrong, em 1994, e estrelada por Winona Ryder, Kirsten Dunst, Christian Bale e mais, o famoso livro homônimo de Louisa May Alcott retorna ás telas do cinema, pelas mãos da incrível diretora Greta GerwigGerwig, continua seguindo um tema relativamente parecido, em relação ao seu último trabalho, estamos falando de Lady Bird (2017), porém com uma direção um pouco diferente, a diretora vai fazer você subir em uma montanha russa de sentimentos durante suas mais de duas horas de filme.

Adoráveis Mulheres acompanha a história da família March, mais especificamente das quatro jovens irmãs da família, a determinada e pioneira Jo (Saoirse Ronan), a mais velha do grupo Meg (Emma Watson), e as caçulas Amy e Beth (Florence Pugh e Eliza Scanlen). Dotadas de personalidades totalmente diferentes, as quatro irmãs crescem nos EUA da Guerra Civil, e, longe do pai que está lutando na Guerra, precisam caminhar até a fase adulta de suas vidas ao lado de sua doce e generosa mãe, interpretada por Laura Dern.

Fazer um filme com uma história que já foi apresentada mais de cinco vezes para o público, pode se tornar um impasse um tanto desafiador. Porém, Greta Gerwig, indicada ao Oscar de melhor direção no ano passado, pelo filme Lady Bird, consegue criar sua própria história com uma direção única e rica. O filme faz uso de flashbacks para acompanhar o passado e o futuro das quatro irmãs e Gerwig realiza isso de maneira esplêndida e não-linear, com transições suaves que são um deleito para o expectador – uma das transições que me chamou bastante a atenção foi a cena da praia, em que a fotografia é usada lindamente para mostrar a diferença entre a passagem do tempo. Além disso, falando em transições, Adoráveis Mulheres não pode só ser colocado na caixinha de um gênero, o filme transita entre o drama, a comédia e o romance de forma fascinante, sem se abster de um deles em nenhum momento.

Em Lady Bird – A Hora de Voar (2017), a diretora conta a história da jovem Christine McPherson (Saoirse Ronan), personagem com uma personalidade forte que vai contra todas as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro e típicos rituais de passagem para a vida adulta. Em Adoráveis Mulheres, Greta não deixa de abordar pautas feministas contemporâneas, como a independência financeira da mulher, mas faz isso mostrando diversos pontos de vistas, apresentados pelas quatro jovens. Enquanto Jo (Saoirse Ronan) luta contra todo o patriarcado daquela época e faz de tudo para reconhecer seu papel na sociedade, a adorável Meg sonha em se casar e construir sua família, assim como Amy.

O elenco jovem é um dos carros fortes do filme, as atuações constroem personagens com traços fortes, porém, alguns não fogem do cansativo padrão do gênero. Saoirse Ronan retorna para trabalhar com Greta, e Jo é um dos destaques entre as irmãs, a personagem conquista com sua grande e forte singularidade, contrastando belamente com o restante do elenco. Emma Watson (Meg) e Florence Pugh (Amy) conseguem carregar primorosamente suas personagens durante o filme, porém o roteiro acaba contendo o brilho da dupla, que ficam presas nas personalidades padronizadas. Laura Dern, interpreta uma mãe generosa, e traz uma das cenas e falas mais bonitas dessa obra, quando comenta com Jo como ela aprendeu a controlar a sua raiva depois de 40 anos sendo obrigada a escondê-la. Meryl Streep interpreta a tia Aunt, mas não se destaca, pois não ganha um papel de grande importância na trama, diferente de Timothée Chalamet, que com mais destaque, não se diferência de seus personagens já interpretados, um jovem problemático com coração bom.

Entrando na parte técnica, Adoráveis Mulheres tem uma caracterização de época perfeita, principalmente dando ênfase as roupas, que estão encantadoras. A movimentação de câmera forte de Gerwig, e seu roteiro eficiente e ágil, se juntam a trilha sonora incessante, de Alexandre Desplat e constroem cenas que iram fazer você quebrar seu coração, ao mesmo tempo em que o aquece. Porém, com todas essas técnicas positivas, o filme acaba se estendendo demais, mas sem deixar de lado sua perfeição.

Adoráveis Mulheres de Greta Gerwig merece todas as suas indicações e prêmios que está cotado para concorrer, pois retrata problemas importantes que estão sendo debatidos na sociedade contemporânea. Além de possuir uma diretora talentosa que consegue alcançar uma experiência preciosa e heterógenea, o filme tem um elenco juvenil que alimentam a obra com seus talentos.

Patrick Gonçalves
Carioca, estudante de comunicação, apaixonado por séries e filmes, coleciono DVD's e ingressos de cinema.

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