quarta-feira, maio 22, 2024
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Crítica | A Esposa (2018)

Time´s upWomen’s March. #MeeToo. Esses são alguns dos protestos, tidos como feministas, que aspiram uma mudança na sociedade contemporânea. Tais manifestos buscam a quebra do paradigma de que a mulher é o sexo mais frágil, que a mulher tem que receber menos que o homem por não ser do mesmo gênero, ou como no caso do filme, que a mulher não tem condições de realizar algumas profissões, realidades que eram muito presentes nas décadas passadas. Gleen Close ao receber o Globo de Ouro fez um discurso respeitável sobre as condições vivenciadas pelas mulheres, e disse a seguinte frase “Mulheres, temos que dizer: eu consigo, e tenho o direito de conseguir”. 

A Esposa, dirigido pelo iniciante Björn Runge e baseado na obra de Meg Wolitzer, traz um belo retrato de como era, e são as oportunidades vivenciadas pelo gênero feminino. O filme retrata a história do casal Joan (Glenn Close) e Joe (Jonathan Pryce), o filme se inicia com Joe recebendo a tão desejada ligação que o contempla com o Prêmio Nobel de literatura. E então, ao longo do filme vemos a trajetória e a preparação do casal para a cerimônia de premiação, observamos como Joan é um homem controlador, que não sabe tomar conta de si próprio, e como Joe é uma mulher devota ao marido, tomando conta dele, mas sempre com um olhar curioso quando certos assuntos são expostos. 

Glenn Close / Jonathan Pryce

O filme apresenta alguns Flashbacks, que ajudam a construir a narrativa e o vínculo do casal, que se conhecem desde a faculdade, época em que Joan abandona seus dons literários para valorizar a carreira do marido. A obra de Björn é simples, sem muitas reviravoltas e sem técnicas incomuns, porém o longa trata de um assunto importante, necessário e real de forma singela e bonita de se ver. A narrativa é inteligente e constrói diálogos adultos que mostram sempre um desconforto da Joan, com o acordo feito com o marido. 

É explicito como a Glenn Close carrega o filme nas costas, a atriz é expressiva e, com a ajuda da câmera, que em algumas situações foca no rosto de Glenn, mostra um incomodo no ar de forma sutil, porém perceptível, com a situação vivenciada. Close consegue expressar uma esposa calma, que cuida do marido, e que aparta as brigas entre Joe e o filho, entretanto a atriz também entrega cenas de fúria e aversão as palavras do marido, que as vezes parece esquecer o sacrifício feito pela esposa. 

Glenn Close

Jonathan Pryce também mostra uma boa atuação, sendo o foco da trama, mas não do filme. Os clichés do enredo não ajudam no desenvolvimento do ator, que não chega no ponto para se antagonizar aos sentimentos de Joan. O telespectador não consegue se conectar com o personagem, mesmo que de forma adversa as suas atitudes, de mesquinharia e ciúmes.  

Os personagens protagonistas são uma fuga pro roteiro, mostrando a relação do Joe com os filhos e o comprometimento de Joan com o marido, quando descobre que um biógrafo está atrás da história do casal. Os filhos, interpretados pelo Max Irons e pela Alix Wilton, são mais um cliché para o filme, enquanto a filha triunfa na vida, o menino tenta seguir a vida de escritor, buscando a difícil aprovação do pai. Christian Slater protagoniza um biógrafo que está escrevendo sobre a vida do casal e sobre o “vitorioso” Joe, o diretor sabe o momento certo de colocar Slater em cena, com o ator fazendo uma bela interpretação. 

Christian Slater / Max Irons

A Esposa é um filme simples e que trata de um assunto importante, com um enredo cheio de clichés, e técnicas sem um diferencial, Glenn Close é o ponto forte do filme, que sabe explorar bem a atriz, interpretando uma esposa pensativa, na crença de que jamais seria reconhecida ou teria oportunidades na profissão por ser uma mulher. Os personagens coadjuvantes trazem uma fuga para o longa, fazendo a narrativa fluir, não se tornando maçante.  

Patrick Gonçalves
Carioca, estudante de comunicação, apaixonado por séries e filmes, coleciono DVD's e ingressos de cinema.

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