Esse novo Chamas da Vingança de 2022 (Firestarter) é um filme que eu não tinha expectativas, e mesmo sem expectativas ele conseguiu ser pior do que eu não esperava.
As péssimas adaptações do Stephen King
Chamas da Vingança, de 1984 com a Drew Barrymore, não é um filmaço, mas é um longa divertido, que tem seus pontos positivos, e pra época que foi concebido até que foi bom, e conseguiu atingir seu objetivo, que era adaptar o livro do Sephen King de uma forma mais despretensiosa. Dentre todas as obra do King, a Incendiária é um livro só ok, nada nele o torna grandioso – e por esse motivo eu nunca achei que ele precisava de outra adaptação, e eu realmente estava certo
Então vamos lá, o último filme do King que eu ví foi Cemitério Maldito em 2019 (um filme dahorinha, pra assistir uma vez e nunca mais), eu também ví a série The Stand de 2020, e esse livro é tão bom que eu coloquei muita expectativa na série, mas a série não chegou aos pés do livro. Em 2021 teve a mini-série da AppleTV, A História de Lisey, que pelo amor de deus que coisa horrenda, eu nunca lí esse livro, e depois dessa série nunca vou ler. Tudo isso só me fez pensar que de uns tempos pra cá o tadinho do King, nunca recebe uma adaptação a altura das suas obras.
Saudade de filmes bons, igual Misery, Carrie, O Iluminado, Christine, alguns tinham seu lado trash, mas no final das contas eles eram ótimos, e bem escritos. Sendo que última boa mini-série que eu assisti dele foi 11.22.63, que está no HBOMax, e eu super recomendo.
O novo Chamas da Vingança
Mas enfim, chegamos a 2022, e temos o novo Chamas da Vingança, dirigido por Keith Thomas, que é um desastre imensurável. É um filme tão desgostoso, que eu sinceramente fiquei só pensando que era algum capitulo perdido da Novela ‘Os Mutantes’ da Record. Ou sei lá, um piloto de série de tv descartado por algum canal. Alías a minha pergunta no final do filme era ‘Será que o roteiro do filme foi finalizado antes de produzirem ele?’ Por que é impossível alguém aprovar aquilo.
Mas enfim, esse filme da Blumhouse está pronto, e eu amo essa produtora, mas de uns tempos pra cá os filmes tão ficando cada vez mais engessados, sem terror, tem tensão, tem emoção, e isso me deixa extremamente desgostoso.
O início da trama
O filme começa com uma narrativa empolgante, e promissora, vemos um flashback mostrando o Andy McGee (Zac Efron) e sua esposa Vicky (Sydney Lemmon), em um experimento cientifico, que aumenta as habilidades psíquicas das cobaias (que no caso são eles e outros humanos), porém alguns pacientes acabam enlouquecendo nesses testes e o flashback abaca, e vamos pros dias atuais, e conhecemos a Charlie McGee (Ryan Kiera Armstrong), de 11 anos.
Ela é a típica garota interrompida, que tem poderes pirocinéticos, e por conta desses poderes ela acaba sendo bem introvertida, e é atormentada na escola. A vida dela em casa também não é uma das melhores, já que seus pais não a deixam usar a internet, por conta da empresa dos testes científicos que está á procura deles, e podem os rastrear pelos celulares.
O Andy e a Vicky
Lembram que eu disse que o Andy tinha poderes, então ele usa telepatia dele, pra ajudar viciados a conseguirem superar seus vícios, e isso faz ele ganhar uns trocados pra pagar os boletos no final do mês, enquanto a Vicky que tem poderes telecinéticos não os usa, porém ela acha válido ensinar a Charlie a controlar seus poderes, entretanto o Andy quer a todo custo suprimir os poderes da filha. Ele cisma que ela pode ter hemorragia cerebral igual ele tem quando usa os poderes. Alías uma das poucas coisas boas dessa adaptação foi esse sangue saindo pelos olhos do Zac Efron, ficou muito mais assustador, do que o sangue só saindo pelo nariz.
A superficialidade do filme
O filme usa todo o primeiro ato pra estabelecer a relação dessa família, e vemos um pouco dos poderes da Charlie, já que ela explode o banheiro da escola. Logo depois disso ela tem um acesso de raiva com seus pais, e sem querer incendeia os braços da sua mãe em uma cena tão mal atuada, que eu dei risada, a tadinha da atriz Sydney Lemmon tentou passar emoção na cena, mas tudo era tão caricato que nem ela conseguiu se conectar com a personagem nesse momento. E um pouco depois no filme descobrimos que a Charlie queria incendiar seu pai, não sua mãe, e novamente eu dei uma leve risada, principalmente por que isso destoa do romance do King, e a ralação forte e tremendamente bem construída de pai e filha nunca avança aqui, tudo é superficial e vazio.
Rainbird mata a Vicky?
Enfim, nesse meio tempo em um dialogo muito aleatório, a Vicky manda o Andy sair com a Charlie pra acalmar ela, e os dois saem de casa, e a Vicky fica sozinha só pro péssimo vilão do filme aparecer, e matar ela. Mas antes dela morrer ela usa seus poderes telecinéticos rapidamente, e fica correndo pela casa, e em vez de fugir pela janela igual alguém normal, ela vai pro local sem saída, o banheiro.
Esse vilão o John Rainbird ( Michael Greyeyes ) também super poderoso, que matou a Vicky foi contratado pela diretora Hollister (Gloria Reuben), da agência governamental por trás dos experimentos científicos, e a missão dele é capturar a Charlie e levar pra ela estudar a menina.
O Rainbird é um vilão?
Mas assim, não tinha como levar ela a sério. Ela não tinha boas motivações, ela não tinha bons diálogos, ela não tinha uma boa performance, e parecia que eu tava vendo uma atriz em um filme do lifetime. Esse era o nível desse filme. Alías será mesmo que esse filme não é do lifetime? Eu realmente tenho minhas dúvidas.
Voltando pro arco do Andy e da Charlie quando eles descobrem que a Vicky foi morta, a Charlie usa seus poderes de Fenix Negra, e ataca o Rainbird, e ela e o pai fogem, mas é uma fuga tão ridícula e desprovida de emoção, ou comoção, que nada te deixa empolgado pra essa jornada de pai e filha. Além disso o Rainbird é tão mal escrito, todas as camadas do livro foram esquecidas, fazendo assim ele se tornar um vilão sem motivação, e sem camadas, e com uma péssima performance do ator.
Qual a relevancia do Kurtwood Smith?
Voltando pra narrativa do filme, vimos o pobrezinho do Kurtwood Smith aparecendo aqui pra não fazer absolutamente nada. Ele só deve ter aparecido pra conseguir pagar uns boletos, não tem outra explicativa. O papel dele de doutor, dos antigos experimentos não fez sentido algum.
Andy é capturado
Daí nesse meio tempo temos a cena mais previsível da história que 5 minutos antes de aconteceu eu já tinha falado, o gato vai arranhar ela, e ela vai tacar fogo no gato. E né que eu tava certo, achei toda a construção da cena TOSQUISSIMA.
Depois disso o Andy e a Charlie vão descansar em uma fazenda, e toda essa cena foi uma encheção de linguiça desnecessária. Tudo nesse momento serviu pra conduzir o filme pro clímax, já que o Andy foi capturado pelo Rainbird, e a Charlie escapou.
O último ato
Todo esse último ato do filme foi tão mal construído, tantos erros de continuidade, a noção dos ambientes sai da realidade, e acontecem tantas resoluções narrativamente impostas pra finalizar a história. Mas pra mim, a cereja do bolo foi a descoberta da Charlie, sobre ela ter telecinese e telepatia, tipo foi uma descoberta aleatória nesse final.
Chegamos ao final do filme, com o Rainbird preso pela Hollister, e ele do nada começa a simpatizar com a Charlie, já que os dois tem um passado igual. Até lembrei do meme, a história dela tá parecendo a da Ju.
Charlie mata o Andy?
Enquanto isso o Andy tá preso na instalação de pesquisa, e a Charlie ouve um chamado dele, vai encontrá-lo, porém quando ela chega, ele diz que tudo era um truque feito pela Hollister, e ela começa a falar uns péssimos diálogos, e nesse momento ela mostrou que também tinha poderes (eu sinceramente sei lá, eu já tava cagando pro filme nesse ponto, e só pensei – Nem Mutant X tinha diálogos tão ruins).
O Andy usa seus poderes pra hipnotizar a Charlie, e ela incendiou todo aquele local, e matou ele e a Hollister queimados, ela matou várias outras pessoas que a gente nem ligava (o filme tentou fazer uma cena Eleven de Stranger Things, mas não rolou).
Por que a Charlie não matou o Rainbird?
O RainBird aparece nesse final pra ajudar ela a matar o povo daquela instalação, e ele espera que ela mate ele por tudo que ele fez, mas ela não o mata, e ela simplesmente sai andando daquele lugar. Depois o RainBird se une a ela, e os dois vão embora juntos. Ele e a perceberam que estavam sozinhos e eram iguais, e acabaram se unindo. Mas o cara foi o responsável por matar sua mãe, e você simplesmente sai com ele.
Super condizente, enfim, que final MERDA. Eu ficaria com vergonha de colocar isso no meu currículo, o pobrezinho do Zac Efron até que atua bem, mas ele nem teve relevância no filme, e a menininha era tão mediana. A única coisa boa do filme foram alguns efeitos especiais, não todos. E também a trilha sonora do John Carpenter e do Cody Carpenter. De resto esse filme é podre, e um dos piores do ano.