Bem vindos a vizinhança é uma série exagerada, que aumenta o caso real que ela foi baseada e ainda transforma os personagens em palhaços.
Vocês já ouviram falar sobre a navalha de Ockham? Provavelmente a resposta foi não, e eu mesmo nunca tinha ouvido falar e depois de ser brevemente mencionado nessa série, eu fui pesquisar, e descobri que é basicamente um princípio que diz que a teoria mais simples, pode ser a resposta pra sua questão. O conceito da navalha de Ockham, é usado em aqui na série pra tentar exemplificar toda a confusão e toda a abordagem nada agradável dela, mas no final das contas eles não explicam nada, e tudo só se torna uma grande perda de tempo.
Essa nova série do Ryan Murphy, que acabou de chegar na Netflix aumenta de forma exagerada o caso real que ela foi baseada.
Depois do lançamento de Dahmer, eu tava muito confiante que o Ryan Murphy não entregaria mais bombas. Porém ele produziu O Telefone do Sr. Harrigan que não foi ruim, mas foi fraquíssimo, e eu tenho vídeo desse filme. Mas eu ainda tava confiante com >Bem Vindos A Vizinhança< por ser baseada em um caso real eu senti que a série poderia ser muito boa, e antes da estreia eu até li toda a história real sobre esse caso.
Por essa história real eu comecei a ficar preocupado com a série, principalmente por que a história real não é nada empolgante, é algo simples, e algo sem muitos acontecimentos. Mas ainda assim eu pensei, ele deve criar um bom suspense, adicionar novas coisas na série, e ela vai ficar boa pra caramba. Porém eu estava totalmente errado, e essa série foi um sonífero. Literalmente., eu realmente dormi entre o episódio 5 e 6 (e não me arrependo de ter dormido), sabe por que? Por que a série não tem conteúdo que justifique ter 7 episódios.
Se você tá perdido sobre o que essa série fala, na história conhecemos a família Broaddus (um nome diferente da família original que é Brannock), eles se mudam para uma nova casa, e começam a receber cartas assustadoras de alguém anônimo chamado “o vigia” que os observa e é obcecada por aquela casa. A serie até que aborda bem a obsessão dessa pessoa, trazendo com veracidade as transições das três cartas reais que a família recebeu.
Mas aos poucos a série se distancia muito da realidade, tanto que na história real a família nem chegou a se mudar pra casa, já que estavam com medo. Enquanto na série eles se mudam. Porém o mais broxante de tudo é saber que a série mudou 80% da história, mas não mudou o final frustrante dela.
Pra quem não sabe, até hoje não sabemos quem é o Vigia, esse caso nunca foi solucionado.
Os policiais até fizeram o tal teste de DNA na carta e descobriram que ela foi fechada por uma mulher, mas isso nunca levou a uma solução. Enfim a série termina da mesma maneira da vida real, com um final em aberto onde não sabemos quem mandava as cartas, e quem era obcecado por aquela casa, só ficamos com inúmeras teorias nas nossas cabeças, e eu até quero falar as que eu acho mais plausíveis nesse vídeo. Mas antes vou continuar a falar da inconsistência dessa série.
O mais decepcionante pra mim foi ela ter 7 episódios, sendo que a trama não tem profundidade. Como eu já mencionei a história que serviu de base pra série não é grandiosa, e no máximo se encaixaria em um filme de 1h40. Porém 7 horas de série só serviram pra ficar mostrando uma paranóia exaustiva dos personagens, principalmente a do personagem do Bobby Cannavale que é o cara mais afetado aqui.
A série teve inúmeras oportunidades de entregar algo mais sólido e desenvolver melhor sua história.
Eles podiam abordar talvez alguma critica social em vez de só ficar criticando uma família branco sem ter alguma base, ou até mesmo a série poderia fazer um mistério mais intrigante. Entretanto ela perde a oportunidade de fazer tudo isso e só fica apoiada no clichê, além de enfiar uns 30 mistérios a cada episódio. Fica até difícil de acompanhar o tanto de coisa que acontece, mas esse tanto de coisa não trás personalidade pra série, fazendo até algumas performances se tornarem caricatas.
A pobrezinha da Naomi Watts até tenta entregar uma personagem intrigante, mas ela acaba em muitos momentos se tornando o chaveirinho do marido, enquanto o filho mais novo se torna um zero a esquerda que a série vive esquecendo da existência dele, já a filha mais velha se envolve com o cara das câmeras.
Esse enredo foi todo criado unicamente pra série, sem muita base na realidade, e trouxeram esse personagem das câmeras só pra abordar o racismo, e abordaram isso de uma maneira tão desrespeitosa, com a filha fazendo uma live pra falar que o pai era racista.
Tipo as decisões dos personagens dessa série eram terríveis.
Não só a família de protagonistas era ruim como também os vizinhos rabugentos eram horríveis. Eles eram misteriosos porém irritantes. Cada vez que um vizinho aparecia me dava raiva. Não entendo por que a série aborda tão mal os vizinhos. Se a intenção era criar um suspense, eles poderiam ter feito de uma maneira diferente sem deixar os vizinhos como pessoas incomodas. Mas criar talvez uma trama mais envolvente pra encaixar eles na história envolvendo a paranóia da família.
Se eu fosse retratado nessa série como esses personagens foram, eu facilmente processava a Netflix por me adaptarem de uma maneira porca. A única personagem divertida aqui na série foi a corretora de imóveis vivida pela Jennifer Coolidge. Essa mulher é fantástica em qualquer papel, e ela arrasa aqui principalmente no episódio final que ela se muda pra casa e é aterrorizada.
Se a série queria fazer personagens caricatos, e enredo risível ela deveria se levar menos a sério.
Porém isso não acontece aqui, e ela se leva tanto a sério que ela se torna comicamente estranha. Como por exemplo no final a investigadora que estava com câncer revelando que era ela que mandava as cartas. Daí poucos segundos depois descobrimos que era uma mentira dela pra tentar ajudar o Derek a seguir em frente. Mas será que ela não imaginou que ele iria atrás da verdade sobre o que ela falou?
Eu ri demais na cena que eles descobrem que ela tá mentindo, por que isso só mostra o quão a série tava brincando com a nossa cara, não de um jeito bom. Mas de um jeito mal elaborado. Tanto que as reviravoltas são tão cafonas que se tornam imprevisíveis, já que você não espera que a série se torne ainda mais tosca, mas ela consegue esse feito.
Ah, e a cereja do bolo dessa série, foi eles terem introduzido do nada a história de um ex-residente de Westfield, o John List. Ele viveu naquela região nos anos 70, e assassinou sua mãe, a esposa e os três filhos em sua casa. A série adaptou isso de uma maneira um pouco menos subjetiva mudando alguns fatos, e interligou esse acontecimento com a atual história da família central da série.
Tipo eles colocaram essa trama, e depois ficaram fazendo todo um joguinho psicológico com esse cara que nem tinha ligação direta com a história real. Sim pra desencargo de consciência, depois de matar a família o John fugiu, e só depois de 18 anos re-apareceu e foi preso. Em 2008 morreu na cadeia de pneumonia.
Agora vamos falar do final dessa história, que me deixou puto, e aqui vão algumas teorias sobre quem pode ter sido O Vigia.
1º: os vizinhos. A série aborda muito os vizinhos, e nunca sabemos ao certo se foram eles ou não. Entretanto, a CNN divulgou na época do ocorrido que um dos vizinhos era um suspeito de enviar as cartas. A família contratou um investigador particular que já tinha trabalhado pro FBI para tentar encontrar a identidade do vigia. No final das contas a pessoa mais provável era “alguém na casa dos 50 ou 60 anos” que morava nas proximidades. O investigador também disse que os vizinhos não “pareciam normais”. Daí fica a dúvida será que eles eram tão malucos quanto na série? Ou a série exagerou?
20º: Pode ter sido um comprador concorrente. Ele ameaçou a família, pra depois comprar a casa com um valor mais barato. Na série nós vemos a casa sendo comprada por uma nova família. Todos os malucos que acompanhamos durante a trama estavam envolva dela. Alías a família real vendeu a casa em 2019, e teve um prejuízo não tão grande quanto a família da série, já que a casa na série é muito maior, do que a casa na vida real.