Corra Querida Corra (Run Sweetheart Run), o novo filme da Amazon Prime Vídeo, trás um conceito familiar sobre a insegurança da mulher na sociedade, mas também aborda esse tal conceito de uma maneiro nada habitual, e até um pouco voraz demais.
Se você gostou da reviravolta maluca de Barbarian, se você curtiu a abordagem voraz de Fresh, e se você gostou da minha indicação do surpreendente Significant Other. Aposto que você vai curtir esse novo.
No longa nós conhecemos a mãe solteira Cherie ( Ella Balinska ), que trabalha como assistente do advogado James ( Clark Gregg ), um certo dia ele a manda ir em um jantar de negócios no seu lugar, onde ela conhece o Ethan ( Pilou Asbæk) um charmoso cara que a faz se sentir bem consigo mesma. O começo da noite foi especial e mágico pra Cherie, tanto que esse jantar de negócios rapidamente se torna um encontro mais intimo entre os dois, porém aos poucos esse cara vai se tornando sinistro, e a Cherie se sente incomodada, mas ela até que aceita passar a noite com ele.
Mas pouco antes de vermos algo a mais acontecer, o Ethan quebra a quarta parede e interrompe a câmera de entrar na casa com eles, e poucos segundos depois a Cherie sai correndo da casa assustada, e machucada, e é aí que toda a doideira do filme se inicia, e ela tem que correr por sua vida enquanto o Ethan a persegue a todo momento.
A Ella Balinska é uma atriz carismática, porém as cenas mais dramáticas são obstáculos pra ela. Se você notar algumas cenas ela não passa a intensidade necessária, e alguns takes se tornam caricatos e mal atuados. Entretanto as cenas de ação, que ela tem que correr por sua vida, são as melhores pra ela mostrar sua boa performance. Já o Pilou Asbæk é um vilão charmoso e assustador, ele é mega convincente no seu papel, e as reviravoltas do filme funcionam muito bem graças a sua sutileza.
O roteiro do filme é dividido em duas fases.
A primeira delas no primeiro ato, que apresenta um terror mais social bem na vibe do Jordan Peele, e a segunda fase apresenta um tom mais sobrenatural que um terror mais sangrento. Se você for pensar que esse filme queria mostrar uma mulher insegura com a sociedade a sua volta, queria trazer uma abordagem ao feminicídio, e queria colocar uma mulher fodona pra ficar cara a cara com o seu agressor. Ele fez um excelente trabalho.
Porém os diálogos do filme as vezes se tornam meio bobos e nada criativos, já que no geral o grande intuito do era exalar girl power a cada novo dialogo, entretanto isso acaba se tornando meio cansativo, já que a mitologia do filme se prende muito nesse conceito e acaba esquecendo de muitas coisas ao seu redor. Podem notar os trocentos erros de continuidade ou os cortes meio inconsistentes, ou até mesmo algumas cenas convenientes só pra história andar.
No geral o filme consegue ser um e entretenimento agradável que lida muito bem com algumas questões interessantes, como a negligencia policial em alguns casos, o machismo, a misoginia, o patriarcado. Enfim o ritmo do filme é bom, e pra um suspense de terror pra ver em casa até que vale a pena. Entretanto eu tô sentindo que vai ter gente que vai falar ‘filme de lacração’, e realmente tem muito lacre aqui, porém gente. Só assiste, se diverte, e pronto.