Uma assassina de aluguel acaba cuidando de uma garotinha, no filme Coquetel Explosivo (Gunpowder Milkshake), que está disponível na Amazon Prime Vídeo.
Esse é um filme repleto de conceito e estilo, e na trama conhecemos a Samantha (Karen Gillan) uma garota que foi abandonada por sua mãe, Scarlet (Lena Headey), e ela começou a trabalhar como assassina pra Firma. O chefe dessa empresa, Nathan (Paul Giamatti), manda a Sam pra uma missão, e as coisas dão errado, e ela mata o filho do chefe da máfia McAlester (Ralph Ineson). Depois disso ela acaba se tornando alvo dos capangas desse cara, e ao longo da sua jornada ela também se torna guardião da garotinha Emily (Chloe Coleman). Claro o filme é repleto de mulheres badass, e com isso a Sam se encontra com trio de bibliotecárias (Carla Gugino, Michelle Yeoh, Angela Bassett) que são na verdade um grupo que adora armas, e esconde elas dentro de livros.
No geral Coquetel Explosivo é infelizmente um filme com pouca personalidade, e muito disso vem da construção de toda a narrativa.
O diretor e roteirista Navot Papushado, tinha uma boa ideia nas mãos, mas ele não teve mulheres na produção pra amadurecer essa ideia. Pra vocês terem uma noção esse filme tenta passar uma vibe girl power, e feminina. Mas ele foi todo comandado por homens, e isso acaba não trazendo nada de “feminino” pra narrativa. Fazendo assim o texto desse longa, ser meio vazio e sem propósito, são só mulheres atirando e lutando igual o John Wick, a história por trás das personagens acaba sendo deixada de lado.
Entretanto a Karen Gillan tá ótima como a Sam, trazendo uma vibe Charlize Theron em Atômica (2017), e ela tem várias cenas de ação bem coreografadas. Com destaque pra cena que ela tem uma arma e uma faca amarrados na sua mão. Ela acaba dando um show de saltos, e piruetas. Que até parece uma cena exageradamente maluca, e irreal. Porém no geral ela consegue ser convincente. Já a Lena Headey tem uma boa interação com a Karen, e as duas protagonizam cenas de ação grandiosas repletas de tiros, sangues falsos e CGIs, que culminam em mortes toscas.
Esse filme se preocupou mais com a estética, do que com o roteiro.
Basicamente ele cagou pros personagens, e acabou focando mais em todo o contraste das cenas. Sendo assim o figurinista sempre tava preocupado em encontrar tonalidades distintas pra cada personagem, o diretor de fotografia tinha que contrastar algumas cenas com luzes de neon. O conceito vintage tava sempre presentes tanto nos cenários, quanto nas personagens da Carla Gugino, Michelle Yeoh e Angela Bassett. Elas três tristemente só ganham destaque na luta final que é o clímax do filme.
Se esse filme fosse feito nos anos 80 ou 90 até seria considerado hoje em dia um clássico, mas pra um filme de 2021, ele é repleto de cenas lentas e chatas, e quando temos as tomadas de ação elas parecem ótimas, porém em seguida termos outra cena lenta e chata. O filme até tentou reciclar a abordagem de Kill Bill, John Wick e Sin City, e trouxe uma trilha sonora bem peculiar que se casava bem com as sequencias de ação, porém olhado o filme como um todo, ele não tem emoção e falha em vários momentos.
O elenco todo é ótimo e tem química, mas o filme não tem coração.
O filme até tentou ter leves toques de humor pra fazer esse longa funcionar melhor, mas nem isso eles conseguiram fazer direito. É uma pena esse filme não ter dado certo. O diretor tinha tudo que era necessário pra fazer um filme foda (ele poderia ter se aprofundado mais na tal Firma, ele poderia ter se aprofundado mais nas bibliotecárias, ele poderia ter criado uma ligação maior entre todo o time de protagonistas), mas acaba que o filme é um John Wick que não deu tão certo.
Podemos até encarar esse longa como um entretenimento pra um sábado de bobeira, mas não podemos falar que esse é um bom filme. Quem sabe se ele fosse ambientado nos anos 80 ele teria funcionado melhor do que ambientado nos dias atuais.