Todos amamos um bom mistério de assassinato. A gente gosta de teorizar, procurar pistas, e entender a mente dos suspeitos. Mesmo que a maioria dessas histórias seja previsível, ainda assim, algumas delas entregam reviravoltas interessantes e fora do esperado.
Tudo é previsível nessa trilogia do Hercule Poirot, e tá tudo bem.
Eu nem ligo tanto pra previsibilidade. Porém eu pelo menos espero receber um filme com personagens interessantes, e com um ritmo bom, e isso não acontece em Noite Das Bruxas.
Esse terceiro filme acertou em alguns fatores, como por exemplo em abdicar das telas verdes que vimos em Morte No Nilo (que ainda é meu filme favorito até agora). Esse terceiro filme também teve um desenrolar melhor que Assassinato No Expresso do Oriente, que é o filme que tem o melhor final, mas foi bem arrastado.
Eu preciso dizer que eu amo Murder Mysteries. Recentemente terminei a 2ªTemporada e Depois da Festa da Apple TV+, que não foi tão boa quanto a primeira, mas a série é mega divertida e tem personagens bem diversificados. Assim como eu adoro Only Murders In The Building que a cada nova temporada tem um mistério delicioso pra gente desvendar.
As histórias da Agatha Christie são divertidas, e esse é um dos motivos pra gente adorar tanto esses filmes do Kenneth Branagh.
A trama é ambientada em 1947, e vemos o Poirot na Itália descansando, e tentando se afastar de casos de assassinato. Porém sua velha amiga, e escritora de mistério Ariadne Oliver (Tina Fey), acaba aparecendo na sua porta e pede ajuda para expor a médium Joyce Reynolds (Michelle Yeoh), que segundo ela pode ser uma charlatã. Ele concorda e parte pra um velho palácio na noite de Halloween, onde a famosa cantora de ópera Rowena Drake (Kelly Reilly) convidou essa médium pra conduzir uma sessão espírita pra se comunicar com sua filha, Alicia (Rowan Robinson), que morreu em circunstâncias misteriosas no ano anterior. Ah, e reza a lenda de que o palácio que antigamente era um orfanato, é assombrado pelas crianças que foram deixadas lá para morrer.
Daí todo o primeiro ato nos ambienta nesse palácio, e pelo amor de deus, eu dei umas piscadas nesse começo, só não dormi pq precisava gravar esse vídeo. Mas o sono tava mais forte do que eu.
Tudo era muito escuro, os personagens não pareciam interessantes, e a história estava caminhando lentamente.
As coisas só melhoram quando uma morte acontece, e o Poirot decide que todos vão ficar presos naquele palácio até ele descobrir quem é o assassino. Além dos personagens que já mencionei antes, também temos aqui o ex-namorado da Alicia (Kyle Allen). A governanta do palácio (Camille Cottin). O traumatizado médico da família (Jamie Dornan) e seu filho inteligente (Jude Hill). O guarda-costas do Poirot (Riccardo Scamarcio) e os assistentes estranhos da médium (Emma Laird e Ali Khan).
O Branagh e o roteirista Michael Green escreveram esse filme se baseando vagamente no livro de mesmo nome, que eu não li. Mas que eu ouvi falar que os dois são bem diferente um do outro. Tanto que o filme trouxe alguns elementos de terror gótico que poderia ter deixado a história melhor, e também trouxe sobrenaturais.
Parece que nada na história do filme conversa entre sí.
O diretor de fotografia Haris Zambarloukos, fez um trabalho ótimo em usar o palácio rustico ao seu favor pra criar uma atmosfera angustiante, claustrofóbica e misteriosa. Tanto que o visual desse filme é a melhor coisa que ele proporciona pra nós expectador. Entretanto a editora do filme Lucy Donaldson, não soube pegar o material bruto dos diretores e montar o filme de uma maneira mais fluida, deixando assim o ritmo dele meio inconstante. Tanto que você sente que o suspense apresentado aqui é bem instigante, porém o filme nunca engata, e desperdiça todo seu potencial.
Vamos ser sinceros, que dos três filmes, esse terceiro é o que tem os personagens menos interessantes, e com os motivos menos complexos. Depois de assistir vários filmes de quem matou, como por exemplo Entre Facas e Segredos, que foi bem escrito, e bem dirigido, e tinha personagens multidimensionais.
A Noite das Bruxas, tem um elenco ótimo que interpreta personagens chatos.
Por exemplo a Michele Yeoh e o Jamie Dornan são sólidos, mas mal utilizados, e a Tina Fey, tem um carisma único e ganha um papel de destaque. Mas ela não recebe um texto interessante pra desenvolver melhor sua personagem. Tanto que pra mim essa personagem foi um repeteco da Cinda que ela interpretou em Only Murders, onde ela teve menos tempo de tela, e ainda assim foi melhor aproveitada.
Uma das grandes defasagens dessa franquia é que ela não consegue criar personagens memoráveis. Tudo é muito frio, e muito clichê, a gente descobre o assassino ainda no começo do segundo ato. As falsas revelações até que são pontos interessantes que funcionam bem na história. Porém elas quebram o impacto do clímax que voce já tinha sacado lá no começo do filme.
O Poirot e seu bigode continuam sendo a alma e o coração dessa franquia. É sempre um deleite acompanhar suas investigações. Porém um pouco de ritmo, e personagens mais carismáticos não fariam mal a ninguém. Eu sei que esse filme assim como os dois anteriores vão dividir a opinião do público, alguns vão curtir, outros vão odiar, mas de um modo geral pra mim, ele mais erra do que acerta, e isso é meio decepcionante.