Candy e Amor e Morte, abordam a história da Candy Montgomery que matou sua amiga Betty Gore em 13 de junho de 1980, e isso a tornou a notória assassina do machado.
Esse caso foi tão maluco que repercutiu na época e também está repercutindo atualmente já que duas produções adaptaram essa história, isso em menos de 1 ano de diferença uma da outra.
Candy da Hulu foi lançada primeiro em 2022, e trouxe a Jessica Biel interpretando a Candy. Enquanto “Amor & Morte” do HBO Max trouxe a Elizabeth Olsen pra viver essa assassina mentalmente instável.
Entretanto com essas duas séries abordando o mesmo caso, comparações inevitavelmente surgem, e a pedido de vocês estou aqui pra comparar Candy e Amor e Morte trazendo pontos positivos e negativos de cada uma das produções, e só pra constar já fiz vídeo falando sobre Candy, se quiserem depois deem uma passadinha lá.
As duas séries
Vamos começar falando da série que veio primeiro, “Candy” que está disponível no Star+. Essa série contou com 5 episódios que vão direto ao ponto sem muitos rodeios, e ela traz uma abordagem sombria pra essa história do assassinato da Betty. Já que essa morte é retratada como um verdadeiro filme de terror. A série nos apresenta os limites da Candy e como seus impulsos foram mortais.
Enquanto Amor e Morte já se mostra bem mais prepotente desde seu inicio, e coloca um aviso escancarado com a frase “Esta é uma história verdadeira”, como se sua abordagem fosse 100% precisa, coisa que não é. Essa série da HBOMax é uma versão dramatizada que mais parece um podcast de true crime tendencioso do que uma série imparcial.
As similaridades
Mesmo que essas duas produções compartilham vários tropos narrativos parecidos, elas abordam esses tropos de maneiras diferentes. Até as coisas mais semelhantes soam diferentes em cada uma das séries, os encontros no motel em Amor e Morte eram muito mais Sexualizados do que em Candy, coisa que não era necessário.
Enquanto os treinos de vôlei, as idas na igreja, e as amizades eram muito mais presentes em amor e morte do que em Candy, já que com mais episódios Amor e Morte teve mais tempo de abordar pessoas mais secundárias, que sinceramente não agregam muito na trama central, e só serviram pra dar pra Candy mais tempo pra sua auto defesa com o próprio público.
Temos também diálogos mega parecidos nas duas produções, como a Candy falando coisas religiosas, ou a história do álibi da Candy pro dia da morte da Betty, ou até mesmo a cena onde ela pega a bala na casa dos Gore. Claro o momento do cinema que estava sendo exibido Star Wars, O Império Contra Ataca
A identidade de Amor e Morte vs Candy
Mas mesmo com tantas similaridas, uma coisa acaba mudando totalmente a perspectiva de cada uma das histórias, no caso o tom delas.
Amor e Morte foi idealizada pelo rei das séries novelescas, o David E. Kelly que foi responsável por The Undoing, Nove Desconhecidos, Big Sky. Esse cara tem um DNA único pras suas produções, e até a abertura de Amor e Morte parece uma marmita requentada da abertura da sua famosa produção dele, Big Little Lies, que eu adoro demais, na verdade eu gosto das produções dele de um modo geral, a estética dessas produções sempre é impecável.
Tanto que eu adorei muito a construção da cidadezinha texana em Amor e Morte, e a escolha de hits dos anos 80 pra ambientar algumas cenas, como por exemplo a cena do advogado da Candy se arrumando pra ir pro tribunal, e também aquela musica que a Candy canta no carro, que obviamente ela só serviu pros faz da Elizabeth Olsen fazerem fancans dela, do que pra algum propósito narrativo. Mas tudo bem, ver a Liz cantando foi um ótimo pra gente esquecer que a personagem era uma assassina de sangue frio.
Os maridos
Enquanto isso Candy decidiu se abester de hits de época iguais os usados em Amor e Morte, e teve uma trilha sonora impecável que dá um charme a mais e ambienta a gente melhor daquela pataca cidade texana. E é notável como algumas performances são marcantes e ressoam muito nas duas séries. Por exemplo em “Candy” o Timothy Simons interpreta o Pat como um marido mais desligado, mas ao mesmo tempo que ainda tenta ser presente. Enquanto em amor e morte o Patrick Fugit até tenta ser mais leviano e é um personagem mais relacionável, porém ainda assim ele fica apagado, e se torna esquecível.
Enquanto o Allan do Jesse Plemons em Amor e Morte é um personagem meio indiferente que não gostamos e nem ligamos muito, mas ainda assim ele tem aspectos parecidos com o Allan da vida real. Já o Pablo Schreiber em Candy torna o personagem bem mais atraente, coisa que não condiz muito com a vida real. Mas a performance do Pablo é bem mais imponente, e a caracterização dele ficou melhor, mesmo que o físico não seja parecido.
A caracterização
Por falar em Caracterização, a diferença entre a caracterização duas séries é gritante. Enquanto Amor e Morte não tava ligando muito pra abordar as coisas de uma maneira realista, fatualmente falando, candy tinha uma design de produção competente que deixou a Jéssica Biel idêntica a Candy. Principalmente o cabelo enrolado que foi importante e relevante pra trama de Candy, já que seu advogado que pediu pra ela alisar o cabelo pro julgamento. Enquanto em Amor e Morte a Olsen usou uma peruca idêntica em todos os episódios, e essa peruca deveria só ser usada na fase final da série. Os óculos em Candy também eram bem mais presentes e condiziam mais com a realidade, enquanto em amor e morte parece que a Candy da Liz tinha feito uma cirurgia refletiva já que ela usava óculos quando ela tava afim.
As duas Bettys
Além disso a relação dos Gores nas duas séries é abordada de maneiras diferentes. Em “Candy” a Betty da Melanie Lynskey consegue transpor todas as suas angustias de uma maneira mais clara e expressiva, você nota com sutileza como sua depressão, e como isso a afetou, e como o Allan sabia disso mas não se expressava sobre o assunto. Já em Amor e Morte, a Betty da Lily Rabe é basicamente uma parede que tá alí pra Candy dar machadadas. Mesmo com mais episódios nessa série do HBOMax, a Betty não ganha espaço pra se expressar, sua única função aqui é ser chata, pra que a Candy tenha razão em matar ela. A série do HBOMax tirou toda a profundidade da Betty pra dar razão pra Candy. Essas diferenças ecoam em como o público vai olhar pra história, e como as lorotas da Candy serão encaradas no tribunal.
As duas Candys
Amor e Morte dramatiza a morte da Betty fazendo assim a Candy se tornar uma vítima e isso automaticamente torna a série mega tendenciosa. Já que eles colocam a abordagem mais voltada pra um crime passional, onde a Betty pegou o machado e a Candy teve que agir em legitima defesa.
Enquanto Candy trás uma abordagem mais única e psicológica da situação, já que eles deixam essa morte super ambígua e não escolhem um lado. Fazendo assim o público decidir qual lado está certo e quem está errado. Isso é fantástico já que automaticamente nós viramos o júri que tá julgando a Candy. Porém amor e morte, faz de tudo pra transformar a Betty na vilã e a Candy na vítima.
Amor e Morte é tendenciosa
Eu até entendo que Amor e Morte é baseada no artigo original do Texas Monthly, que eu dei uma lida e é mega tendencioso pro lado da Candy. Porém ainda assim o artigo consegue ser menos forçado que a série da HBOMax. A dramatização feita nessa série é algo surreal, a escolha da Elizabeth Olsen para o papel da Candy só provou o quanto a Olsen é doce e ensaboada, seu carisma natural acaba fazendo a gente adorar a candy mesmo que a gente não deva gostar da candy, e isso torna a personagem engessada, até fazendo a gente lembrar da Wanda.
Elizabeth Olsen
Gente desculpa dizer isso, mas a cada novo dialogo e a cada nova expressão, ela mais parecia a Wanda em algum multiverso do que a Candy. Alías eu nem culpo a Olsen, eu culpo a direção preguiçosa de amor e morte que não soube conduzir ela bem. A tadinha é uma atriz ótima, mas ela foi conduzida de uma maneira onde a cada nova cena chorando e se descontrolando. Parecia algo como um “me de um Emmy, por favor estou fazendo carao, estou falando com a voz mansa, estou fazento tudo de exagerado que vocês gostam, só me deem esse emmy”
Os próprios Wandalos (fãs da Wanda), tão forçando tanto ela pra ganhar um Emmy que eu daria um premio por dó. O público geral tem que entender que gritar e fazer carão não é atuar bem. A Liz é capaz de muito mais, eu mesmo sou mega fã dela. A série Sorry For Your Loss é impecável e ela trás uma performance emotiva e menos carregada nessa série. Eu sei que os fãs da Olsen obviamente vão enaltecer ela por amor e morte já que são fãs, e tá tudo bem sabe. Mas vamos ser sensatos a Jessica Biel entregou muito mais a que Liz interpretando a Candy, e a tadinha teve menos reconhecimento já que ela não tem fandom.
A Jessica Biel
A Biel além de trazer um sotaque sulista mais natural, coisa que a Olsen também se esforçou pra fazer mas a versão dela parecia uma paródia. Além disso a Biel também expressava as emoções da Candy sem muitos rodeios. Uma hora ela era uma dona de casa doce, e outra hora era impulsiva e descontrolada. Você também sentia o medo da Candy, a confusão dela, a raiva dela, e a exaustão de tudo que estava rolando na sua vida. Enquanto a Liz era doce o tempo todo, e nada mais que isso. Até a cena pra matar a Betty ela se fez de donzela indefesa, faltou a frieza de uma pessoa que mataria a outra. Mesmo que em legitima defesa coisa que até hoje não engulo essa ladainha de Sheeee. Que alías também foi muito bem abordada em Candy, com a Betty encarando a Candy cara a cara no tribunal.
Por falar na cena da morte da Betty, eu com certeza gostei da Liz dando uma machadada na cabeça da Lily Rabe, foi ótima essa cena, a cena em sí da Candy matando a Betty foi boa nas duas séries, a única coisa que saiu um pouco dos trilhos em amor e morte foi o sangue que parecia tinta guache.
Conclusão
Enfim Candy é uma série mais poderosa, que tem um ritmo mais constante sem enchessao de linguiça. Os personagens interagiam melhor. O roteiro tinha diálogos menos novelescos. A quantidade de episódios foi adequada. A introdução da série foi bem mais agradável com toda a perspectiva da história já imposta no começo. A fotografia era mais nebulosa e mais predominante pra época. A montagem deixava a história dinâmica, e a Jessica Biel foi a Candy com mais nuances e menos caricata.
Enquanto Amor e Morte tinha personagens descaracterizados, os figurinos eram bonitos mas pouco predominantes. A direção escolhia os piores ângulos. A fotografia era simplista e parecia feita as pressas, o texto parecia que tinha saida de novela da Record. A história foi abordada de uma maneira onde a Candy seria a vitima da situação já que alguns fatos não foram totalmente fiéis. A Olsen parecia mais que tava focada em prémios do que em contar essa história.
Tudo isso não torna amor e morte ruim, e se você tá querendo assistir uma novela essa série vai ser perfeita pra você. Porém a Candy trás uma abordagem mais séria que se sai muito melhor no final das contas.
Qual sua favorita?
