A imagem acima é uma versão animada de Raymond “Red” Reddington, interpretado por James Spader em The Blacklist.
As gravações da 7ª temporada da série foram interrompidas por causa do coronavirus. Mas os produtores se mostraram tão ousados quanto o protagonista Red Reddington.
Raymond “Red” Reddington, um homem que abraça com prazer os desafios, certamente iria se orgulhar da aposta criativa feita por The Blacklist para terminar a temporada com um estrondo, e não com um suspiro, durante a suspensão das gravações por causa do coronavírus.
Os produtores da série exibida pelo canal AXN e protagonizada por James Spader como o anti-herói Red, decidiram fazer uso de animação para completar um episódio que já havia sido parcialmente gravado. Dando início a uma colaboração em larga escala que percorreu de Los Angeles a Londres e ainda incluiu uma parada na casa da família Spader, que foi transformada em um estúdio de gravações.
A ideia para o episódio surgiu de uma reunião entre os produtores executivos Jon Bokenkamp e John Eisendrath que aconteceu em março. Logo depois que as filmagens em Nova York foram interrompidas. Assim como de tantos outros projetos de TV e cinema, como um esforço para conter a disseminação do vírus.
“Começou meio como uma piada, falando sobre como deveríamos fazer o episódio em questão como uma radionovela das antigas. Onde colocaríamos a imagem de uma lareira ou de um rádio na TV, com os atores falando”, disse Bokenkamp em entrevista para a Associated Press. Isso levou a uma discussão dos quadrinhos derivados de The Blacklist que já existem e bingo!
“Mas é possível que, se tivéssemos noção da demanda de trabalho que teríamos para transformar em animação metade desse episódio, talvez não tivéssemos seguido com a ideia”, lamentou.
Quando as gravações foram interrompidas, Spader, que também é um produtor-executivo em The Blacklist. Ele havia planejado uma viagem com a sua família de Nova York para Massachusetts. Tudo já estava paralisado quando Bokenkamp e Eisendrath ligaram para ele com uma proposta de resgatar o 19ª episódio da 7ª temporada – para a qual foram encomendados 22 episódios. Segundo Spader, seria a oportunidade de encerrar com uma conclusão mais satisfatória do que a do 18º episódio.
“Achei curioso”, disse o ator para a Associated Press. “Pensei que seria a decisão correta, tentar de qualquer maneira finalizar o episódio dentro das nossas possibilidades, e não só esse episódio, mas concluir satisfatoriamente a temporada”.
O processo começou com algumas revisões do roteiro para dar mais “gancho, levando a audiência para a próxima temporada”, explicou Bokenkamp. A divisão de animação ajudou com ajustes no enredo, além de contribuir com algo a mais.
“Uma cena que seria gravada com Red e Liz (co-protagonista Megan Boone) sentados em uma sala foi transformada numa cena com os dois andando pelo Passeio Nacional em Washington, com o Capitólio ao fundo”, detalhou Eisendrath. “Conseguimos dar um tom ainda mais cinematográfico… Mais próximo de uma graphic novel”.
Como Bokenkamp, que também é criador da série, explica, graphic novels e quadrinhos partilham do mesmo DNA de The Blacklist, e ainda dão uma oportunidade no terreno da animação para a Sony Pictures Television e a Universal Television.
The Blacklist é “como uma versão mais cartunesca de uma série, já parece um pouco com um quadrinho… O nosso protagonista é um vilão de chapéu. A série é violenta, e também muito emotiva”, disse. Adicione a tudo isso um filão de vilões bem trapaceiros e fica a impressão de que “estamos contando uma história próxima daquelas do Batman de antigamente, com um vilão irresistível por semana”.
Normalmente, a produção de The Blacklist já é cheia de complicações geográficas. Depois de ser gravada em Nova York, a edição e a pós-produção acontecem em Los Angeles, supervisionadas por Eisendrath, que mora na cidade, e por Bokenkamp, direto da sua casa em Nebraska. Para recorrer à animação, foi necessário enviar equipamentos para a casa dos atores gravarem os seus diálogos.
Para Spader, o desafio foi gravar de uma fazenda construída nos anos 1850 propensa a muitos ruídos, um desafio ainda maior para o “coitado do cara do som”, responsável por captar um áudio cristalino.
“Até o momento, não havia interpretado Raymond Reddington com o meu filho entrando de fininho na cozinha para pegar um lanche”, disse. “Mas você faz o que é preciso. Desliga o aquecedor para não fazer barulho e tenta lembrar de não ligar a máquina de lavar pratos”.
Ele explica rindo como recorreu a esforços “rudimentares” para garantir o isolamento sonoro, como o uso de um jogo americano embaixo do microfone e de cortinas nas janelas “para impedir a entrada do barulho forte de chuva lá fora”.
Com a produção da animação, a cargo da Proof Inc., acontecendo em Londres, sob coordenação à longa distância dos produtores, o esforço para fazer acontecer como planejado foi constante, e estava em curso ainda no início de maio, já próximo da data programada para o episódio ir ao ar.
“É meio que um processo de 24 horas”, disse Bokenkamp semana passada. “Enquanto a gente dorme, Londres está trabalhando, e vemos o que fizeram quando nos enviam o material já pela noite. Analisamos e enviamos nossas recomendações de mudanças, que são feitas por eles rapidamente, num processo que envolve muita gente em diferentes fusos horários, trabalhando sem parar para finalizar o episódio a tempo”.
Numa situação ideal, um episódio híbrido deveria ser feito do zero, com as cenas animadas estipuladas antes das gravações no set, por isso que os produtores esperam que a audiência entenda o esforço que foi colocado neste trabalho.
“Foi importante darmos o nosso melhor numa situação adversa para tentar completar o episódio”, disse Eisendrath.
O episódio híbrido vai ao ar no dia 18 de junho no canal AXN.
Nós usamos cookies pra melhorar a sua navegação!