O Arón Piper de Elite estrela, Silêncio a nova minissérie da Netflix. Esse suspense psicológico tem diversos buracos de roteiro, e vamos falar com spoilers sobre todos eles, e sobre aquele final.
Eu amo produções espanholas, e na maioria das vezes eu adoro a forma com que eles conta histórias, é um jeito único que é a marca registrada deles. Porém Silêncio foi um ponto fora da curta que foi difícil de engolir, não que a série seja horrível. Longe disso, mas o grande problema aqui é que o roteiro não sustenta a proposta central.
A série já se inicia com duas pessoas caindo de um apartamento no último andar, e o nosso protagonista Sergio (Arón Piper) acaba sendo culpado por essas mortes. Ninguém nunca ouviu da boca dele o que aconteceu nesse fatídico dia. Já que basicamente ele ficou em silencio durante os seis anos que ele passou em reclusão na detenção juvenil.
Porém logo no começo da série ele sai em liberdade condicional, volta pro seu antigo apartamento onde os pais dele moravam e foram mortos. Entretanto ele nem imagina que um estranho experimento está acontecendo e esse apartamento está cheio de câmeras e microfones. Ele tá sendo monitorado 24 horas por dia por uma psiquiatra chamada Ana (Almudena Amor) e sua equipe de investigadores, e diga-se de passagem que essa mulher é mais louca do que o Sergio.
Esse experimento em questão foi feito pra descobrirem se o Sergio representa um perigo para a sociedade. Nesse ponto da explicação eu só pensei. Se cada preso que sair da prisão ganhar um experimentos com câmeras vigiando eles e uma equipe por trás a gente não teria mais corpo policial pra trabalhar em outros casos. Até por que vamos ser sinceros que essa tocaia pra vigiar o cara não faz sentido. É um plot ridículo que abre muitas perguntas, quem aprovou orçamento pra isso. Eles fazem esse experimento com todos? E se não fazem o que motivou fazerem com o Sergio. Enfim todas essas perguntas não tem respostas então não esperem que essa série explique isso.
Mas mesmo sem essa explicação, eu ainda fiquei pensando, o grande plot da série era focar no Sergio, e pelo título Silêncio e pelo começo da série onde ele não falava com ninguém. Eu apostei que ele ficaria por vários episódios sem conversar com as pessoas, e isso serviria como a base pra gente entender seu estado mental. Porém logo no primeiro episódio essa minha expectativa já vai por água abaixo. Por que ele conversa com o padre que vai cuidar da sua liberdade condicional, e a propósito esse padre desde o primeiro momento parecia um narco traficante. Eu até falei pro meu pai que estava assistindo comigo.
Nossa esse cara parece um personagem que estaria facilmente no elenco de Braking Bad. Dito e feito já que tudo nesse plot do padre parecia esquisito e desconexo e me soava como um sub enredo que teria uma grande reviravolta, e realmente teve. Mas daí a gente se pergunta o que essa tal reviravolta significou pra trama central? E qual é o destino dos planos desse personagem? Enfim mesmo quando chegamos no final não descobrimos nenhuma resposta, e acaba que essa é uma dúvida que parrance sem resolução. Dentre todos os enredos, esse foi o mais avulso.
O único outro que bateu de frente foi o do personagem do Manu Rios que tava aqui na série pra ser um corninho e nada mais que isso. Parece que só colocaram ele na série pra ele divulgar ela, igual a Jade Picon na novela das nove. O Eneko é tão patético que mesmo depois de tudo ainda foi dispensado no final da série pela Marta, e antes disso divulgou um vídeo de sexo dela, e esse enredo dele não aplicou em nada. Alías o Manu Rios não é um ator horrível, mas precisa estudar muito pra ser um ator minimamente razoável. Pelo menos o pessoal acha ele bonito e acho que isso até deixa as performances dele mais aceitáveis pros leigos.
Mas mesmo com diversos erros eu ainda estava tentando olhar pro lado positivo que era a performance consistente do Arón Piper. Mesmo que o Sergio não seja um personagem bem trabalhado em todos os momentos da série, ainda assim ele tinha um propósito definido que era encontrar sua irmã mais nova Noa, e o Arón conseguia a todo momento entregar uma performance natural pro Sergio.
Coisa que não posso falar da Almudena Amor que não tinha no que se escorar. Já que sua personagem Ana não tinha uma motivação pré estabelecida. Você sabia que ela adorava um Voyerismo que até levava a pratica sexuais, e você sentia que talvez ela quisesse provar a inocência do Sergio, e até talvez mapear sua mente. Mas nada é bem desenvolvido pra chegarmos a uma conclusão sobre por que essa concessão por ele começou. Ela abdicou de toda a sua vida pra ficar grudada nesse caso do Sergio, deixou sua filha adotiva e seu marido de lado, e ela é super imprudente e manipuladora.
Porém a Ana é uma personagem inconstante e superficial, e não só ela ganha pouco material pra ser trabalhado como todo o resto do pessoal do enredo policiais, todos são vazios e quando chega uma reviravolta de corrupção policial você acaba até ficando perdido com esse sub enredo, que alías nem tem respostas concretas. Só sabemos que o policial Cabrera e seu superior queriam se livrar das drogas que o Sergio tomava e tipo o que mais isso significava? Não sabemos, só sabemos que o Cabrera foi preso por conta de alteração de provas.
Antes de falarmos do final tenho que comentar sobre a jovem Marta, que é a que mete o chifre no Manu Rios, e fica com o Sergio. Ela é outra personagem incoerente e sem profundidade onde a única caracteristica que a define é ter Hibristofilia. Pra quem não sabe isso é um distúrbio sexual ou psíquico que consiste na atração por criminosos. Coisa que eu também acho que a Ana tem, mas isso não vem ao caso agora.
O ponto é, que os momentos românticos da Marta com o Sergio eram gratuitos e ela foi usada pela Ana pra investigar ainda mais o Sergio, então ela acabou só se tornando um peão descartável nesse jogo de xadrez, que é meio desconcertante e incoerente, já que muitos dos plots não fazem sentido, as motivações aqui não são bem elaboradas, e muitas respostas ficam em aberto ou acabam sendo resolvidas de maneiras rasas.
Chegando no sexto e último episódio, finalmente descobrimos a verdade sobre a tragédia que levou Sergio à prisão – ele primeiro contou uma histórinha que ele e Noa foram submetidos a experimentos pela sua mãe, e forçados a usarem uma droga que os deixava perturbados e agressivos, e que naquela noite fatídica, ele atacou sua mãe, mas foi seu pai quem acidentalmente empurrou sua mãe da varanda durante uma discussão, e que depois ele pulou.
Nesse momento que tava tendo essa revelação eu só pensei, que merda de reviravolta. Daí fui enganado quando a Noa apareceu e falou na cara do irmão que essa não era a verdade, e daí vemos que ele criou toda essa fic na cabeça dele. Que na verdade a mãe sabia que ele tinha probleminha mentais, e tentava tratar ele com medicamentos que serviam pra acalma-lo. Porém por conta da abstinência do medicamente ele ficou agressivo, cortou a mãe com estilete varias vezes, e ela tropeçou e caiu da varanda. Essa cena foi bem cômica, ela batendo as mãos na parede foi tão mal montado. Toda a coreografia dessa cena me fez dar umas boas risadas. No final dessa cena o Sergio joga seu pai da varanda e a Noa viu toda essa situação.
Por falar na Noa ela só foi até o apartamento do Sergio pra chamar a mãe dela, que no caso é a Ana. Só que ela simplesmente ignora a filha adotiva, e até fala que ela tentou se encaixar no molde de pessoa perfeita com um marido, teve um filho que morreu antes de nascer, e acabou adotando a Noa. Mas que ela entende e ama o Sergio, por que ela é igual ele, uma pessoa deslocada que nunca se encontrou. Isso parece até diálogos de série adolescente. Ai deus eu deu uma gargalhada nesse dialogo por que isso tava ficando muito patético.
Convenientemente os dois estão sozinhos no apartamento, com as câmeras observando tudo é caro. Sendo que algumas delas estão quebradas, já que o Sergio descobriu que a Ana obcecada ele. O Sergio convida a Ana pra ir pra varanda, e parece que os dois iriam pular juntos, e até seria um livramento pra gente, mas então um deles cai, e tudo indica que foi a Ana, e que o Sergio recriou seu crime anterior. Mas na verdade não temos uma confirmação, tudo vai depender se a Netflix vai querer uma segunda temporada e quem o roteirista vai querer morto e quem ele vai querer vivo. Nesse ponto da história tudo é possível.
Silêncio tem mais arcos do que realmente precisava, e ele não consegue encerrar bem nenhum deles. O roteiro usa conveniências pra tentar fazer a história andar, com personagens aparecendo em momentos convenientes, e o episódio final da série até é bom já que tem alguns momentos chocantes, e a cinematografia da série se destaca bastante. Entretanto, por se tratar de uma minissérie que talvez não tenha segunda temporada, eu achei bem decepcionante tudo isso que eu vi. A cereja do bolo foi o final em aberto, que ficou algo bem interpretativo… e quem sabe a Netflix renove pra uma nova temporada, mas com os trocentos cancelamentos recentes, meu medo está cada vez maior de possíveis cancelamentos.
Mas uma coisa é certa, eu que não vou me submeter a uma 2ªTemporada disso. Esse plot da Ana ser doida igual o Sergio foi aletório demais, essa obsessão por ele nem explicada foi. Essa personagem foi muito superficial e mal escrita, e suas ações eram totalmente ilógicas. Tipo a Ana nunca tinha pegado outro caso antes? Ela ficou viciada nesse caso do Sergio logo de cara, e qual foi o motivo disso? Nunca saberemos.
Nós usamos cookies pra melhorar a sua navegação!