Sessão Retrô | Clube dos Cinco (1985)

 

Durante os anos 80, o cinema foi marcado por uma abundância de filmes sobre adolescentes. Assim nascia o mito John Hughes, que retratava com veracidade e conteúdo o ambiente adolescente e situações típicas da idade. Enquanto muitos filmes com a mesma temática apelavam para sexo, drogas e festas, Hugdes ousou criar um filme que reunia todos os populares ícones estudantis em um ambiente estranho, a sala de detenção.  

Em Clube dos Cinco, acompanhamos cinco adolescentes completamente diferentes, seguindo os clássicos clichés dos jovens americanos – a princesinha “filhinha de papai”, o esportista, o nerd, a garota estranha e o garoto problemático e desajustado socialmente. Os cincos terão que ficar em uma sala de detenção e escrever uma redação de mil palavras por terem burlado as regras.  

O filme firma as bases do melhor cinema adolescente, e fica difícil não se identificar com pelo menos um dos muitos pontos citados durante as longas conversas. Expectativas paternas, insegurança com o próprio corpo, carência, curiosidade pelo outro sexo e medos, os muitos medos próprios de alguém que está começando uma vida totalmente diferente e muito mais cheia de hormônios da levada até então. 

Claire, interpretada pela Molly Ringwald, é a típica patricinha filinha de papai, frustrada por ter um pai que acha suficiente mima-la como demonstração de carinho ou preocupação, e que não a repreende por estar de castigo. Ringwald, atuou em Gatinhas e          Gatões (1984)  e A Garota Rosa Shocking (1986).                                  

 

Anthony Michael Hall é Brian, o CDF é o estudante que, por causa da pressão, se esforça nos estudos para agradar uma mãe que só quer saber de resultados positivos, ignorando o bem-estar do filho. Hall atuou em sucessos como Férias Frustradas e Gatinhas e Gatões. 

 

Andrew, protagonizado pelo Emilio Estevez, é o dominante jogador americano das escolas, com um pai que não entende o filho, achando que os dois compartilham as mesmas ambições. Andrew tem em seu currículo Vidas Sem Rumo e Repo Man. 

 

 

                                                                                         Judd Nelson foi Bender, o garoto problema chega solitário na escola, sugerindo  que seus pais são ausentes. Nelson fez  Brat Pack e O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas. 

 

                                                                                              E a quinta integrante do grupo é Allison, interpretada pela Ally Sheedy, a menina esquisita, ao chegar na escola não recebe nenhum carinho fraternal dos pais, que vão embora sem cerimônia. Sheedy escreveu She Was Nice To Mice e atuou  em Bad Boys e Jogos de Guerra.  

 

Fica perceptível então, que apesar das personalidades diferentes os cinco adolescentes apresentam em comum a relação conturbada com suas famílias disfuncionais. Mostrando a necessidade da atenção e do carinho dos pais durante a adolescência.

Clube dos Cinco expõe adolescentes que se sentem fora do lugar na estrutura social da escola e lutam para se encaixar em grupos de prestígios e em padrões da sociedade, em busca de suas identidades.

Hugdes mostra duas quebras de expectativas nos personagens de Ringwald e Estevez, dois típicos adolescentes populares, geralmente com vidas confortáveis e rodeados de amigos, e que supostamente não teriam do que reclamar. Porém, o diretor subverte esses rótulos, mostrando o lado inconformado e inseguro de Andrew, fazendo o que os outros querem e não o que ele quer. Já Claire não é uma patricinha fútil, é apenas uma garota delicada com medo do julgamento alheio.    

O Professor Richard Vernon (Paul Gleason) é a figura vilanizada dos adultos, que já havia sido percebida na falta de presença dos pais. O professor, por deixar os jovens de castigo em pleno sábado de manhã, mostra ser um sujeito mal-humorado e que parece nunca ter sido adolescente.

A trilha sonora, repleta de canções características da época, como o clássico do Simple Minds, Don’t You (Forget About Me), aparece como uma grande aliada e pontua o passeio do espectador por entre as histórias individuais e a amizade que acaba se formando entre os cinco personagens. 

O filme ainda apresenta uma citação de “Changes”, do David Bowie: “E essas crianças nas quais você cospe / Enquanto tentam mudar seus mundos / São imunes às suas consultas / Elas estão bem cientes do que estão passando”. Esse trecho passa a essência da película, pois os jovens que a protagonizam não valorizam os adultos que não os levaram a sério durante suas vidas. 

Em uma icônica cena os cinco estão conversando sobre suas histórias, desabafando sobre o que os incomoda e sendo verdadeiros com eles mesmos, e mostrando que eles não são simples rótulos, e sim seres humanos que estão passando por um momento determinante: a adolescência. Que é uma das fases em que comportasse de forma inconsequente e rebelde é tolerado, com isso o longa conta com alguns momentos de descontração, por exemplo quando eles estão fumando maconha ou dançando, simbolizando a sensação de liberdade na adolescência.  

Clube dos Cinco é uma visão realista e otimista da adolescência nos 80, retratando tudo aquilo que incomoda internamente os adolescentes. Deixando claro que todas as pessoas são diferentes, mas no fundo possuem algo em comum, o desejo de se sentirem bem sendo justamente diferente uma das outras. 

Gostaram da nossa primeira Sessão Retrô?! Clube dos Cinco é uma ótima pedida para um domingo! Comenta aqui indicações para a próxima sessão!