O Menu deve ter desagradado algumas pessoas, já que o final passa uma mensagem sub entendida. Mas se você ficou sem entender aqui está uma explicação.
Na trama conhecemos o Julian Slowik (Ralph Fiennes) um chef renomado que só atende pessoa ricas em uma ilha particular no seu restaurante Hawthorne. Além disso ele tem uma legião de outros chef que o ajudam a preparar os pratos. Sendo que todas as refeições são meticulosamente planejadas para cada um dos convidados, o Slowik faz um storytelling pra cada novo prato.
Porém a Margot (Anya Taylor-Joy), é o ponto fora da curva que ameaça todo o planejamento do Slowik, ela no caso foi convidada na última hora pelo Tyler (Nicholas Hoult). Ele no caso é um fanboy obcecado, que defende e bajula o Slowik. Porém a Margot é uma pessoa que sempre contesta o chef Slowik, e desvalida a arte que ele chama de pratos culinários. Depois disso temos uma série de desventuras que começam a encaminhar pra um desfecho alucinante e inesperado.
Mas então vamos direto ao ponto durante o filme descobrimos que a Margot é uma acompanhante de luxo chamada Erin e ela foi contratada pelo Tyler. Um sabe-tudo desagradável que adorava lamber seu ídolo Chef Slowik. Esse cuzão já sabia que todos naquele restaurante morreriam no final da noite, e ele só levou a Margot pra Hawthorne, por que lá não aceitava reservas para apenas uma pessoa, e ele a levou sabendo que ela morreria.
Quando ele já tava incomodando demais o Chef Slowik, ele recebeu a atenção que tanto queria, e o chef colocou ele pra cozinhar, já que ele se achava o chef grandioso. Porém ele falhou, e o Slowik mandou ele se matar, e vimos ele enforcado em uma sala atrás da cozinha. Aposto que ele tinha probleminhas mentais. Também vimos a critica gastronômica Lillian e seu editor Ted (Paul Adelstein), esses dois adoram se achar os sabichões. Mas o Slowik queria mostrar pra Lillian que ela perdeu o sendo do que é uma critica.
Enquanto o George perdeu o rumo da sua carreira, e ele só quer ganhar dinheiro não importando a qualidade dos seus filmes, e sua namorada e assiste Felicity (Aimee Carrero), é só um peão no jogo do Slowik. Já que o Chef na verdade só trouxe ele por que uma vez assistiu a um filme dele que era horrível e desperdiçou seu dia de folga. Isso é basicamente uma critica fortíssima a atores vendidos que vivem fazendo filmes de fundo de quintal só pra pagar boletos.
Chegamos então no Richard um empresário que sempre vai ao restaurante com a sua esposa Anne (Judith Light), e ele irrita o Slowik por conta da sua arrogância de comer sempre lá, e nem lembrar dos pratos que comeu, fazendo assim o Slowik pensar que sua comida não é memorável. Além disso o Richard também já saiu com a Margot, e nesse momento eu só pensei. Eita que mundo pequeno, qual eram as probabilidades dos dois estarem no mesmo local? Pra finalizar o trio de empresários trata o Hawthorne como um sinal de status. Eles só se importam com a exclusividade de algo caro e não com o que aquilo representa.
No geral tudo aqui gira entorno do chef Julian Slowik, que não sente mais prazer e alegria no que faz. Ele até tem o dinheiro e a liberdade para criar absolutamente tudo. Mas ele chegou num momento da sua carreira que não tem mais nada inovador pra criar, e mesmo que ele tentasse inovar nunca suas inovações eram realmente apreciadas pela elite rica. O Slowik então decide se libertar dessas amarras da sua atual vida, e levar seus convidados e sua equipe juntos pra se libertarem também de seus problemas corriqueiros.
Só a Margot tem uma conexão com o Slowik, e ela é diferente dos clientes ricos que ele já atendeu. Por isso ele dá liberdade pra ela escolher se ela é do proletariado ou da burguesia. Nesse ponto a Margot escolhe que ela é uma sobrevivente e não uma doida varrida igual o Slowik, e ela luta com a fofinha mas cruel da Elsa, aquela chefe dos garçons.
Ela também descobre que o Slowik era feliz fazendo o básico, que no caso era seu trabalho comum em uma hamburgueria. A Margaret usa essa lembrança boa dele, pra dar uma passada de perna no plano maluco dele. No final das contas nossa heroina consegue sair livre dessa situação com um cheeseburger suculento na mão, que ela pediu pra viagem.
Alías esse é um filme sobre apreciar a comida, não sobre entender um conceito. Tanto que isso fica claro quando vemos um dos funcionários do Slowik morrer na frente de todos, e a maioria achou que fazia parte de um show conceitual. Porém na verdade era a realidade nua e crua na frente dos convidados e poucos queriam cair na real.
No final, do filme vemos o Chef Slowik fazendo um grande s’mores, com seus onze convidados, e seu culto de seguidores. É uma sobremesa simples, mas que foi feita da maneira mais conceitual e sofisticada. Com casacos feito de marshmallows, com chocolate e pó de biscoito por toda parte e todos foram incendiados e se tornaram parte do último prato. Enquanto isso, Margot pega um barco e o filme acaba, com ela saboreando um cheeseburger que me deu agua na boca.
Agora bora entender as analogias do filme, vamos começar pela Lillian, a crítica gastronômica, que é como uma crítica de cinema ou uma influencer esnobe presunçosa. O Tyler é um fã de comida, que representa um cinéfilo nerdola, que é arrogante e desdenha das pessoas por não gostarem daquilo que ele gosta. O George é um ator decadente que não se reinventa e acha que o mundo gira entorno dele. O trio de empresários Dave, Bryce e Soren são ladroes do colarinho branco que roubam a própria empresa, e se acham superiores pela trambicagem que eles fizeram.
Tudo isso é impresso na tela a cada novo prato de comida. Sendo que o filme também trás uma mensagem sobre a arte de cozinhar. Se vocês notarem os pratos apresentados aqui acabam se perdendo graças ao minimalismo. Esse conceito de espetáculo não enche a barriga, e acaba sendo algo vazio e sem propósito.
Quando você vai em um restaurante você quer comer, e o show artístico é algo que incrementa o prato culinário, mas aqui no filme, fica claro que o chef Slowik perdeu seu propósito e sua essência. Todo chef é um artista, mas as vezes eles focam tanto em contar histórias com seus pratos, que eles esquecem de colocar comida para as pessoas degustarem. As vezes até o próprio cliente esquece de aproveitar algo simples.
Por incrível que pareça esse plot tem muita relação com o cinema que consumimos hoje em dia. Já que as vezes só queremos um filminho farofado e clichê, mas em muitos momentos somos forçados por um hype psudo intelectual a consumir um filme cult e incompreensível só pro nosso ego se inflar e estarmos na crista da onda. Sendo que na verdade a gente só queria algo simples e prazeroso. O conceito de O Menu é uma alegoria pro mercado áudio visual, sendo que ele mesmo se auto critica de uma maneira hilária. Já que tudo que ele critica é o que ele é.
Esse foi The Menu, um filme que eu adorei analisar.
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