A Netflix ama thrillers e recentemente tivemos O Poço e A Casa. A agora vamos para O Declínio (The Decline ou em francês: Jusqu’au Déclin ).
O thriller segue um grupo de sobreviventes que frequentam um campo de treinamento nas profundezas do deserto invernal do Quebec. Após um acidente fatal, os participantes entram em pânico, preparando o cenário para um confronto arrepiante.
A maioria dos participantes do acampamento, dirigida por um homem chamado Alain (Réal Bossé), acredita que um desastre natural é iminente e o governo está deliberadamente despreparado. Alguns pensam que um colapso econômico está no horizonte, outros são sociais (ninguém menciona uma pandemia global, o que é realmente um grande alívio).
Somos apresentados ao mundo desses sobreviventes franco-canadenses através de Antoine (Guillaume Laurin), que deixa sua esposa e filha para trás para se juntar ao acampamento. Cada pessoa traz para a equipe um conjunto de habilidades diferentes, pelas quais Alain é grato. Ele os conduz por uma série de oficinas para aprenderem a sobreviver, inclusive esfolar coelhos e construir bombas.
Como você pode imaginar, o merda logo chega ao ventilador.
Uma das bombas dos campistas dispara enquanto ele a segura, matando-o, e é aí que as coisas começam a se desfazer, e a verdadeira história começa. Este não é um filme sobre sobreviver a um apocalipse, é sobre o que acontece quando você traz o apocalipse para si mesmo.
O Declínio mergulha você na desolação sombria do mundo atual.
Em qualquer outro filme, isso pode parecer ocupado e complicado, mas como a história é tão estreita, nós nunca perdemos a noção do que está acontecendo. Em apenas uma 1h23min, o filme se move rapidamente, sem ser cansativo ou implacável. Ao contrário de outros thrillers, esse não tem nada de sobrenatural. Aqui temos um vilão claro e as pessoas.
Tipo a caça e o caçador.
Não é o meio ambiente ou a economia que faz as pessoas se voltarem, é apenas a natureza humana. Embora seja quase impossível não fazer comparações com o cenário que vivemos atualmente, o declínio não é sobre um único desastre instigante. O filme fala sobre a morte, e como ela é simples e impossível de prever. Então o filme nos mostra que por conta de um acidente tudo começa e faz com que todos se desentendam.
Uma das melhores parte do filme é o início da perseguição, onde Antoine e Rachel formam uma amizade, enquanto são caçados brutalmente pelo Alain e por outro campista (isso mostra que mesmo em situações de perigo você pode ter alguém pra ser seu apoio, mesmo que esse alguém seja uma pessoa que você conheceu faz pouco tempo!)
No final do filme nós vemos uma luta corpo a corpo entre a Rachel e o Alain, com a Rachel vencendo no final das contas. Mas mesmo vencendo, você pode ver no olhar dala, que o peso de tudo que aconteceu afetou que ela era pra sempre.
O declínio termina abruptamente, no entanto, você não pode deixar de imaginar o que acontecerá quando ela voltar para a civilização. Eu imagino que ela esteja com o Alain na carroceria do trenó de neve para leva-lo a policia e incrimina-lo pelos crimes cometidos.
O que mais achei interessante é que o filme meio que faz uma janela entre o espectador e os personagens (principalmente na hora que eles estavam decidindo encobrir a morte). A todo momento você (espectador) é questionado sobre o que você faria em tal situação.
Além de tudo isso o filme nos lembra como as coisas podem dar errado com facilidade e como é precioso e importante ser gentil.