Quando hereditário estreou em 2018, eu sai do cinema pensativo sobre o que eu tinha assistido, eu realmente não tinha entendido todas as metáforas presentes no filme, porém eu tinha uma idéia central sobre o que eu tinha visto.
Mas eu fiquei tão intrigado com esse filme que eu revi ele em 2019 na prime vídeo e me surpreendi com a nova respectiva que tive da trama. A pedido de vocês eu assisti ele de novo, pela terceira vez, só que agora na Netflix, e trouxe esse vídeo pra conversar sobre o que eu achei dele e sobre a metáfora do filme.
O diretor Ari Aster, fez sua estreia triunfal com Hereditário um filme complexo e bem filmado, que nos deixa angustiado, ansioso, aterrorizado, estressado, e também chocado, dito isso eu não pretendo rever esse filme por pelo menos uns 5 anos.
Nesse longa conhecemos a Annie (Toni Collette), a mãe do Peter (Alex Wolff), e da Charlie (Milly Shapiro). O filme começa mostrando a Annie de luto pela morte da Ellen, sua mãe negligente que era muito próxima da estranha da Charlie, tanto que essa menina fica bem abalada quando a avó que cuidava dela parte… a Charlie, tem uns Hobbies estranhos de desenhar coisas sem cabeça e depois desenha uma coroa nas cabeças decapitadas. Em uma das cenas ela até cortou a cabeça de um pombo, e ironicamente ela perdeu a cabeça naquela cena do carro que me assusta até hoje. Cá entre nós a Charlie é uma insuportável, que fazia aquele barulho com a boca que me tirava do sério.
Mas antes de falar da fatídica morte da Charlie, eu acho bom eu explanar o real significado do título do filme que é explicado ainda no começo onde nós descobrimos que a família da Annie tem um histórico de doença mental. Seu pai parou de comer e morreu de fome, seu irmão se suicidou (alegando que sua mãe tava tentando “colocar algo nele” e guardem essa informação ela vai ser vítal mais tarde aqui no vídeo) e a mãe dela sofreu de demência e morreu no início do filme. Enfim isso já diz muito sobre o título, e nós entendemos que o filme trata metaforicamente sobre problemas de família, e como eles são hereditários.
Já que estamos falando de problemas mentais vamos conversar sobre a Charlie, que minutos antes dela morrer, ela teve aquela reação alérgica a nozes e o Peter correu pra levar ela pro hospital. Só que ela se sentiu sufocada, e colocou a cabeça pro lado de fora do carro pra tentar respirar, mas ela bateu em uma placa que a decapitou.
Mesmo eu já sabendo dessa cena, eu fiquei sem reação assistindo pela terceira vez. Mas dessa vez eu só fiquei me questionando, sobre o por que uma pessoa alérgica não tem uma epinefrina no carro? Tipo todas as pessoas alérgicas que eu conheço tem epinefrinas em todos os lugares, e se você tem uma criança alérgica na família o mínimo que você tem que fazer é deixar uma epinefrina no carro. Enfim a Charlie morreu e isso deixou o Peter em pânico e sem reação.
Todos nesse filme atuam tão bem em todas as cenas, que isso é uma das coisas mais impressionantes desse filme, Toni Colletti perfeita demais, ela abrindo aquele bocão, ela enlouquecendo, ela gritando, ela correndo, ela se matando, tudo perfeito, e o Alex Wolff também merece uma salva de palmas por entregar várias cenas memoráveis desse filme. A filmografia do Ari Aster misturada com as boas performances e o roteiro maluco fazem desse filme um dos melhores terrores da década.
Agora depois desse elogio, vamos falar do ‘Selo de Paimon’ que está presente no poste que matou a Charlie, no colar que a mãe da Annie deu pra ela, e também em outros momentos do filme.
Esse símbolo até ganha forças quando a Annie conhece a Joan (Ann Dowd), uma mulher que induz a Annie a fazer uma sessão espírita pra se contatar com a Charlie. A tonta da Annie reúne a família faz um ritual, que os conecta com o Paimon. Esse demônio quer o Peter, e ele começa assombrar ele de várias maneiras. Com aquela luz que a Charlie via. Cm o próprio reflexo sorrindo. Com sons de estalo que a irmã fazia, e até faz o Peter bater o próprio rosto contra uma mesa.
A Annie vê que fez uma cagada em fazer esse ritual, e ela tenta contatar a Joan pra impedir a assombração. Mas é nesse ponto que descobrimos que a Joan realmente foi a responsável por amaldiçoar a família da Annie. Ela estava obstinada pra tornar o Peter o novo receptáculo pro Paimon, pra assim ela ser recompensada.
Vale até lembrar que Annie encontrou no começo do filme um livro da mãe dela que dizia: “Nossos sacrifícios serão insignificantes diante das recompensas.”. Isso ressoa no ritual que a Joan fez. Alías isso também me faz pensar que a mãe da Annie deve ter tentando colocar o Paimon no próprio filho, já que ele se suicidiu depois dela tentar colocar algo nele.
Depois de todas as descobertas que são complementadas pela cena do sótão. Onde a Annie encontra o corpo da mãe dela sem cabeça e o símbolo da maldição pintado na parede. Ela tenta contar tudo que ela descobriu pro seu marido Steve.
Mas ele acha que que ela tá maluca e que ela é responsável por todas essas doideiras. Daí nesse ponto o famigerado caderninho da Charlie com desenhos do Peter volta a tona. A Annie fala pro Steve que se ela queimar o caderno ela queima junto por algum motivo, e quando ela ataca o caderno na lareira o Steve por algum motivo começa a pegar fogo. Ele é incinerado em uma das cenas mais chocante e bem filmadas do filme.
Nesse ponto a história já tava maluca e assustadora, mas tudo esta a ponto de piorar, já que o Peter acorda depois de um rápido sono, e a Annie tava toda possuída rastejando pelo teto. O Peter vê um homem nu em uma das portas. A mãe dele aparece correndo atrás dele, essa sequência inteira é uma loucura completa e eu me arrepio só de lembrar. Sempre me assusto na cena que ela sai correndo atrás dele. Isso deixa claro que algo estaca constantemente possuindo a Annie em vários momentos.
Nessa mesma cena nós vemos a casa cheia de estranhos pelados. O Peter se esconde no sótão e lá ele encontra a mãe dele serrando o pescoço, e com medo dela ele se joga pela janela. O filme acaba na casa da árvore da Charlie. Onde todas as pessoas nuas saldão os corpos decapitados da Ellen e da Annie, e isso mostra que a loucura é um mal de família.
Esse final que sempre deixa as pessoas em dúvidas: nessa cena vemos o Peter na casa da arvore. Mas ele não é o mais o Peter, ele na verdade é a Charlie que entrou no corpo do irmão. A Joan aparece nessa cena, e ela declara que a Charlie agora é o Paimon, “um dos oito reis do inferno”, e que os seguidores dele corrigiram o corpo feminino. Agora ele pode governar a todos, e dar saúde, conhecimento, riqueza, poder, honra e devoção.
Um fato interessante que o próprio Ari Aster confirmou, é que a Charlie, sempre foi o Paimon. Desde seu nascimento a Charlie era um demonio, e ele não gostava daquele corpo feminino. Os seguidores do culto estavam preparando aos poucos o corpo do Peter, pra ele habitar. Com isso ficou claro que a morte da Charlie já era algo planejado. Assim como o encontro da Annie com a Joan. Ou o ritual que ela fez a Annie fazer também era parte do plano de transferir o Paimon pro Peter. O problema é que a Annie não sabia disso. Ela foi um peão usado pra ser possuído e pra fazer maldades. O grande mal veio da mãe que era uma ocultista que passou o mal pro sangue do seu sangue, no caso a Charlie que era um descendente dela.
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