O primeiro trailer de O Exorcista – O Devoto, foi divulgado hoje. Tive o prazer de conversar com o diretor David Gordon Green, para falar sobre o trailer desse novo filme.
O Exorcista original completa 50 anos este ano, e eu pude perceber a emoção e a paixão desse diretor por essa história. Ele está muito envolvido com essa nova trilogia, que servirá como sequência do clássico de terror de 1973.
Eu disse ao David que quando criança, fiquei traumatizado com a cena de exorcismo do filme original. Questionei se esse novo filme vai traumatizar uma nova geração assim como eu me traumatizei. Ele então abordou, o por que esse novo filme é assustador e, ao mesmo tempo, único.
David disse que antigamente “como um jovem fã de filmes de terror ficaria apavorado no original com o vômito da sopa de ervilha ou imagens do demônio”. Mas agora que ele é pai, o que o assusta é o “sangue que está saindo quando a personagem está recebendo a punção, ou o clique, clique, clique, clique, clique do scanner de ressonância magnética que está avaliando seu corpo.” Ele menciona que está orgulhoso de Halloween (2018), porém ele também denota que esse slasher foca mais o lado grotesco e alarmante. Enquanto aqui nesse novo filme ele menciona que estão“tentando desvendar lentamente um misterioso conjunto de circunstâncias que o intrigam, e trazem um papel mais intrincado no terror psicológico.”
Na trama desse novo longa conhecemos o Victor Fielding (Leslie Odom Jr), um pai dedicado que perdeu sua esposa a 12 anos atrás e tem criado sua filha Angela (Lidya Jewett) sozinho. Mas quando Angela e sua amiga Katherine (Olivia Marcum) desaparecem na floresta e retornam três dias depois sem memória do que aconteceu com elas. Isso desencadeia uma série de eventos que obrigará Victor a confrontar o nadir do mal e, em seu terror e desespero, buscar a única pessoa viva que testemunhou algo parecido antes: Chris MacNeil.
Em relação à abordagem desse novo filme, o diretor explicou que o pensamento de um estúdio é que “se você vai mexer com O Exorcista, é melhor torná-lo novo e familiar, sabe, com novos ingredientes suficientes que o tragam para o mundo moderno. Mas que também tenha a vibe do original, e ultilize os elementos que fizeram ele ter tanto sucesso.”
Esse tópico de ter tanto sucesso nos trás ao retorno da Ellen Burstyn, reprisando seu papel icônico como Chris MacNeil. Ela viveu uma atriz que foi para sempre alterada pelo que aconteceu com sua filha Regan cinco décadas antes. O David disse que “convidar Ellen Burstyn para revisitar essa personagem 50 anos depois, e a usar sutilmente, ou não tão sutilmente” é algo que eles fizeram nesse novo filme pra reacender a nostalgia do clássico. Entretanto ele disse que o filme será um terror psicológico único, que também contará com cenas “gráficas, vulgares e violentas”.
Mas além de trazer uma personagem legado, eles também optaram por colocar “sinos tubulares e algumas das músicas icônicas que foram introduzidas no filme original”. Esse outro artificio trouxe algo familiar dessa franquia, e ainda eles prezaram por ter um “equilíbrio entre o mundo espiritual e a medicina”.
Comentei com o David que uma das minhas cenas favoritas do trailer foi a da igreja. Essa cena é particularmente bem impactante, e também parecia desafiadora, já que mexer com a crenças de alguém pode ser um tiro no pé para o filme. Mas ele me disse que essa cena em questão foi filmada “em uma igreja batista, ao invés de um ambiente católico tradicional”, isso foi feito para realmente nenhuma religião se ofender.
Ainda quando o questionei novamente sobre como o filme explora temas complexos sobre fé versus o mal, David enfatizou o ponto anterior dizendo que ele tentaram “trazer dignidade a todas as perspectivas religiosas para que, independentemente de quais são seus valores, ou onde sua fé pode ser estabelecida [o filme] ainda será convidativo para você”, e ele ainda deixou claro que depois do expectador assistir o filme, cada um vai tirar “sua própria perspectiva religiosa”, do que foi apresentado.
Antes de acabar a entrevista ainda questionei sobre os bastidores e desafios envolvidos na criação dessa obra que promete mexer com nossas emoções e sentidos. Fiquei empolgado com o sentimento que o trailer do filme evoca, porém antes de encerrar nossa conversa, não poderia deixar de perguntar sobre as cenas mais desafiadoras de filmar.
“Uau! Cena mais desafiadora!”, exclamou o diretor. Ele rapidamente explicou que os desafios não residiam na logística, mas sim nas emoções. Particularmente, ele mencionou a sequência exorcista climática como exemplo. “Preciso fazer várias tomadas. Estou procurando diferentes nuances. No entanto, o que procuramos é o interior de um ator. Não um efeito especial ou uma explosão que eu possa apertar um botão e fazer acontecer. E então você precisa ser capaz de fazer diversas vezes.”
E o que tornava isso tão desafiador? David nos contou que era necessário encontrar o fluxo emocional que parecesse autêntico para o artista e, ao mesmo tempo, cinematográfico para o público apreciar. “É uma experiência real com um grupo selvagem de pessoas criativas.“
Assim, o diretor revelou os bastidores da filmagem, onde a profundidade do que acontece no interior dos talentos da câmera não é algo para o qual nenhum livro ou escola de cinema pode preparar. Revigorante, inspirador e perigoso, o processo criativo desse filme é um verdadeiro turbilhão de emoções que deve resultar em uma experiência cinematográfica singular.
Ao final da entrevista, ficou evidente que o “O Exorcista – O Devoto” promete ser uma jornada psicológica que une o espiritual e a medicina, respeitando o clássico e trazendo novidades ao mundo do terror. Sua abordagem sensível e visceral, aliada a uma equipe envolvida e dedicada, parece destinada a deixar uma marca duradoura na nova geração de fãs. Resta-nos aguardar ansiosamente pela estreia para experienciar toda essa intensidade na tela grande.
O Exorcista – O Devoto estreia em 12 de outubro deste ano nos cinemas de todo o país.
Nós usamos cookies pra melhorar a sua navegação!