A quarta temporada de Eu nunca chegou na Netflix, e tivemos aqui o final da série que me fez refletir não só sobre a jornada da Devi, como também sobre a minha jornada. Assim como a Devi () eu tive muitos autos e baixos durante esse anos, e foi sempre ótimo ver as trapalhadas dela, e chegar nesse desfecho com um final agridoce.
A Devi (Maitreyi Ramakrishnan) é uma personagem com uma certa complexidade que sempre fez odiar e ao mesmo tempo gostar dela, ela é uma garota cheia de defeitos, é egocêntrica, irresponsável, inconsequente, megalomaníaca, comedora de casados, mais rodada que catraca, transgressiva, possessiva, interesseira, arrogante, teimosa, mentirosa, meio irritante, uma péssima amiga, dissimulada, Hipócrita.
Sem contar que ela foi mega egoísta com as amigas como quando a Fabi entrou na universidade que ela queria, e ela deu piti. Ou até mesmo tentando roubar o cara que a Eleonor viu primeiro, ou as outras inúmeras coisas erradas que ela já fez, como usar dois garotos mais de uma vez, e até fezer um deles ser atropelado por um carro e consequentemente ter seu futuro acadêmico impactado por conta disso. Mas mesmo que a Devi seja problemática, ainda assim eu ainda passo pano pra ela, óbvio que na vida real eu nunca seria amigo dela, por que com uma amiga dessa nem precisa de inimigos (né Devi louca).
Acabou que essa última temporada de Eu Nunca mostrou a Devi não só perdendo a virgindade com Ben ( Jaren Lewison ) que foi um ótimo começo pra temporada. Mas também vimos ela se preparando pra entrar na sua tão desejada universidade Princeton, e não só ela fez planos pro futuro como também a Fabi ( Lee Rodriguez ) decidiu estudar robótica na Ivy, e a Eleanor ( Ramona Young ) planejou estudar artes cénicas pra ser atriz. Enquanto o Ben iria pra Universidade de Columbia.
Tudo tava aparentemente caminhando bem, mas óbvio que pedras apareceriam no caminho de todos, e uma dessas pedras foi o Ethan ( vivido pelo Michael Cimino ), um personagem mega aleatório que não agregou em nada na série, e só serviu pra ser a pessoa “descamisada” da temporada. Tipo a temporada preferiu apagar a existência da Aneesa, e colocar ela em umas cenas nada haver, tudo pra dar espaço pra um personagem bad boy que não ganhou desenvolvimento algum. Esse cara foi um peso de papel insignificante e uma pedra no sapato da Devi já que eles ficaram juntos por pouquíssimo tempo, e ele só serviu pra ser a segunda transa dela.
Fiquei bem chateado em saber que a Aneesa que tá desde a 2ªTemporada na série teve no máximo umas 6 falas nessa temporada, e nem na montagem do final ela apareceu (mas enfim né fazer o que), sendo que uma coisa que me incomodou demais nas temporadas anteriores era a falta de comunicação entre o Ben, e a Devi e isso continuou frequente aqui, já que os dois ficaram num chove e não molha interminável, a Devi ficou com um tremendo ciúmes do Ben com a Margot (Victoria Moroles), e o Ben ficou enrolando a Margot, já que tava na cara faz muito tempo que o Ben amava a Devi e ficaria com ela.
Tanto que quando eu ví o Etham todo Bad Boy aparecendo, depois o Paxton saindo de cena indo pra faculdade, e depois voltando da faculdade pra trabalhar na escola, e eu fiquei pensando, a escola contrata qualquer pessoa pra dar aula? Que coisa mais aleatória (não precisa de diploma de educação física pra ser ajudando na aula de natação?).
Mas enfim essa mudança de rota desse personagem, e aquela conexão dele com aquela outra professora novata foi o ponto que mais deixou claro que Ben e Devi ficariam juntos. Ela obviamente não ficaria com o Ethan. A coisa mais surpreendente seria se ela ficasse sozinha e percebesse que não precisa de ninguém. Mas enfim os fas ficariam putos, se já ficaram incomodados com a Devi escolhendo o Ben, imagina se ficasse sozinha.
A propósito vocês eram #TeamBen ou #TenPaxton? Isso foi a coisa que mais dividiu opiniões aqui na série.
Os debates romances sempre foram a espinha dorsal dessa história, mas aqui nessa temporada eles estavam tão apressados pra dar um par pra todos a volta, que até a Nalini ( Poorna Jagannathan ) e a Nirmala ( Ranjita Chakravarty ) ganharam histórias românticas apressadas. A Nalini se apaixonou do nada pelo pai da Margot e no final tirou aquele colar e aparentemente superou a morte do seu marido, e a Nirmala se apaixonou por um bondoso velho qualquer e até casou.
Já a Kamala continuou com seu namorado da temporada anterior que só apareceu no último minuto, e o enredo obstinado dessa personagem que foi algo muito abordado na temporada anterior, foi substituído por ações duvidosas da parte dela, que a fizeram quase desistir de algo que ela realmente queria.
O desenrolar romântico da Eleonor foi algo que até ganhou um destaque, mesmo não sendo tão relevante, enquanto o desenrolar romântico da Fabi ficou super apagado aqui e foi algo quase mais inexistente do que a presença da Aneesa.
De um modo geral essa 4ª temporada perdeu a profundidade das temporadas anteriores e todo o debate psicológico entorno da Devi foi deixado de lado, tanto que seu falecido pai Mohan (Sendhil Ramamurthy) só ganhou destaque aqui na hora dela escrever a tal redação que fez ela entrar na faculdade, isso depois dela ficar na lista de espera, sem isso nem ai ele ganharia relevância, e era uma coisa super presente nas temporadas anteriores, e eu confesso que por mais que eu tenha adorado essa temporada ela foi a que eu menos gostei, e senti que ela não teve tanto coração no roteiro quanto as outras.
Mas mesmo com tudo isso, Eu Nunca foi uma série que me ganhou desde o primeiro episódio da primeira temporada, os diversos erros da Devi foram erros que ensinaram lições, não só pra ela como pra gente, ver as sessões dela na terapia foram importantes pra nós vermos como um acompanhamento psicológico é algo necessário na vida de qualquer pessoa, e ver ela chorando nos braços dessa psicológica nessa última temporada só mostra o quão vunerável ela é, e o quão humanizada essa personagem sempre foi.
Seus erros, suas falhas, seus problemas são o mais próximo da realidade que a série poderia chegar, e eu até me identifico com algumas coisas que a Devi faz, por mais que essas coisas sejam erradas, ainda assim eu adorei ver o lado podre dessa personagem, por que isso fez a gente valorizar seu lado bom, gentil, cordial, amoroso, compassivo, familiar, religoso, ela é uma garota que creceu e continua a crescer e ver todos os personagens a sua volta tendo um final feliz com algo previsível, meio bobo, mas super gratificante. As vezes é bom um final agridoce de conto de fadas igual aconteceu aqui.
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