Hilary Swank tem uma grande carreira que incluem grandes filmes como, P.S. Eu te amo, Menina de Ouro e Meninos não Choram, mas a atriz me conquistou com seu papel em Um Momento Pode Mudar Tudo, onde interpreta uma mulher que sofre com uma doença terminal. Aqui, Swank se junta a Taissa Farmiga (American Horror Story), Robert Forster (Twin Peaks), Blythe Danner (Reaprendendo a Amar) e Michael Shannon (A Forma da Água), entregando um drama atual, simples e comovente.
Tudo o Que Tivemos tem um enredo bastante diversificado, abordando diversos assuntos em um mesmo momento. A trama principal gira em torno de Ruth (Blythe Danner), que, ao acordar de madrugada e sair caminhando por uma tempestade de neve devido ao Alzheimer, ocasiona o retorno de sua filha Bridget (Hilary Swank), junto com a adolescente Emma (Taissa Farmiga). Enquanto discutem sobre colocar Ruth em uma casa de cuidados, a família precisa lidar com o teimoso pai Burt (Robert Forster), que não aceita a retirada de sua mulher da casa, e o irmão Nicky (Michael Shannon), o único que vê a necessidade de internar a mãe. Paralelamente a essa trama, Bridget está passando pelo desgaste de um casamento, em que não se vê feliz, e sua filha Emma, está sofrendo as dúvidas da juventude em relação a faculdade.
O drama consegue abordar essas histórias muito bem, criando arcos bem destacados, mas ao mesmo tempo fundidos na trama principal. É interessante abordar a atualidade dos assuntos expostos, estamos vivendo em um mundo, onde os relacionamentos não são tão profundos, e o filme soube tratar de forma interessante o tópico, mostrando um casal infeliz, que vive na comodidade do casamento. Outro assunto interessante discutido, é a pressão e a dúvida que os adolescentes sofrem na faculdade, por meio da jovem vivida por Taissa Farmiga, o filme mostra um duelo entre uma mãe controladora e uma filha que não vê motivos para continuar na faculdade. Em alguns momentos, Emma manifesta alguns sintomas da depressão, ao dizer que não consegue sair da cama para caminhar com a mãe, mas o filme não entra especificamente nesse detalhe.
O longa tem um roteiro impecável, e se fortalece nisso, mostrando um drama baseado em diálogos comoventes, com espaço para piadas agridoces entre os irmãos. Aqui, o enredo constrói personagens menos idealizados, que expõem seus problemas através de conversas debochadas, em alternância com as tragédias emocionais. O grande desenvolvimento das diversas camadas dos protagonistas, faz o público se identificar com aquilo que está vendo, criando empatia pela figura apresentada.
Tudo o que Tivemos não tem nenhuma inovação visual, trazendo enquadramentos simples e planos focados nos rostos dos personagens. A diretora Elizabeth Chomko preferiu dar atenção ao roteiro e a caracterização dos protagonistas, desenvolvendo uma direção impessoal, que não inova no uso do som, dos espaços e da direção de arte.
Blythe Danner vive uma senhora que sofre de Alzheimer, em uma interpretação bastante estereotipada da doença. Robert Forster atua, de forma admirável, um senhor machista, católico, porém com um amor e um cuidado deslumbrante a sua amada. Michael Shannon é o contraste brutal da atuação serena de Hilary Swank, que mostra seu potencial para o gênero dramático. Por fim, Taissa Farmiga interpreta atrativamente uma adolescente rebelde, que podemos ver na nossa sociedade atualmente
Tudo o que Tivemos é um daqueles dramas independentes que traz ótimas atuações e diálogos memoráveis. Porém, se torna apenas mais um entre os outros, devido à falta de inovação na direção, que foca na criação de personagens menos fantasiados, fazendo com que o telespectador sinta empatia com a trama. O filme traz um elenco de estrelas, e faz um bom uso dos atores, descascando a caracterização dos mesmos, em camadas encantadoras e reais. Enfim, Tudo o que Tivemos é um bom drama para aqueles que não dão importância para um visual diferente e sim para um roteiro muito bem escrito.
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