Com um pequeno aceno a Corrente do Mal, com uma atmosfera similar a Sorria, e com debates sobre luto parecidos com Boogyman e A Casa Sombria, o terror mais elogiado do ano Fale Comigo, chega aos cinemas brasileiros, e ele merece a sua total atenção.
Temos aqui um horror visceral que não apenas aterroriza, mas também hipnotiza. O debate espiritual que o filme trás, misturado com o desespero humano, e entrelaçado com clichês e jumpscares bem utilizados. Elevam o horror a outro patamar e tudo isso te deixa entretido por 1h30.
Fale Comigo começa com uma cena de abertura brutal e impactante. Cena essa que os diretores Danny e Michael Philippou disseram que rendeu um prequel que já está gravado e eles esperam lança-lo em breve, igual ocorreu com Pearl.
Logo depois disso, conhecemos a colegial Mia (Sophie Wilde) que fez uma viagem noturna para pegar o irmão da sua amiga na pista de skate, e se deparou com um canguru atropelado na via, e prestem muita atenção nesse canguru. Já que ele é mega importante pra vocês entenderem o final emblemático, que logo mais eu explico no vídeo de final explicado. Porém a trama do filme começa realmente a tomar forma quando uma mão embalsamada que tá viralizando no instagram entra em cena e vários adolescentes começam a brincar com essa tal mão que se comunica com espíritos no além.
O filme crítica o exibicionismo imprudente da Gen-Z de uma forma bem lúdica mas ao mesmo tempo realista, onde vemos eles compartilhando essa experiencia espirutal no instagram, como se fosse algo super normal brincar com espíritos.
Só que a grande cartada do filme é fazer essa mão se tornar uma droga viciante onde você nunca consegue parar de usar ela, e a Mia é a que mais se vicia na mão. Já que ela é a pessoa mais fragilizada do grupo, por conta da recente perda da sua mãe, e quanto mais ela entra na viagem astral da mão, mas ela se sente uma passageira dentro da própria consciência. Mais ela consegue fazer uma viagem psicodélica pelo além para se esquivar do luto. Os irmãos australianos Philippou, que idealizaram o filme são conhecidos por seus curtas no YouTube, e os dois são mega talentosos e sabem capturar muito bem a essência de um filme de terror com maestria.
O orçamento modesto do filme de 4,5 milhoes é uma bênção disfarçada pro filme. Já que a simplicidade da produção torna a experiência mais autêntica e genuína. Os irmãos Philippou tiveram que usar muita criatividade e criar uma narrativa crua e sem frescuras, onde cada cena serve a um propósito.
A atmosfera perturbadora apresentada aqui nos leva a um reino de terror visceral, e a premissa é tratada com uma abordagem ótima e implacável. Mesmo que os adolescentes sejam o centro das atenções e isso tenha me preocupado inicialmente por conta de burrices que poderiam acontecer eventualmente. O filme consegue contornar possíveis burrices com um roteiro amaradinho que torna a experiência mais angustiante à medida que esses jovens começam a lutam contra os horrores sobrenaturais que os atormentam. Isso é bem amarrado com os subtextos que abordam a solidão, o vicio e a depressão.
A abordagem direta e crua do filme tenta fugir de jumpscares fáceis, e opta por cenas imprevisíveis que são agonizantes e violentas.
As atuações merecem uma salva de palmas com destaque pra performance da Sophie Wilde. Ela consegue carregar um baita peso emocional, e ao mesmo tempo consegue transmitir uma insegurança tremenda pra Mia. Ela entrega uma performance intensa e apaixonada, elevando ainda mais a intensidade das cenas. O elenco todo é muito bom, mas ela é o grande destaque. Enquanto o final do filme é impressionante, e pra mim ele condiz com tudo que o filme vinha construindo.
Fale Comigo é um filme que vai ter uma boa longevidade no gênero do terror. Já que ele vai ser um prato cheio para os fãs assíduos desse gênero. As cenas agonizantes e perturbadoras são ótimas e memoráveis, porém os fãs medrosos de terror já se preparem por que o filme vai te atingir com força total.
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