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Critica | ERIC: Minissérie (2024) – Um monstro gigante e muita investigação

O Benedict Cumberbatch interpreta o pai de uma criança que desaparece. Parte do mistério dessa série é descobrir onde essa criança foi parar, e outra parte é uma sátira sobre a Nova York problemática dos ano 80, e o diferencial dessa série é ver os personagens intrusivos do protagonista se materializando como um boneco enorme e desbocado que inferniza ele durante sua busca por seu filho desaparecido.

A minissérie Eric da Netflix é sombria, estranha e maratonável.

Ela só tem 6 episódios, e merece sua atenção. Nem tudo nela é perfeito, e acho que ela vai dividir opiniões, mas quero trazer meu ponto de vista sobre essa história maluca.

Erica narra a angustiante busca de um pai por seu filho desaparecido, e entrelaçada isso com críticas sociais pertinentes e personagens complexos. A trama gira em torno de Vincent Anderson (Cumberbatch), um mestre marionetista de um popular programa infantil. Ele se vê envolvido em um pesadelo quando seu filho de nove anos, Edgar, desaparece misteriosamente. Desesperado e se sentindo culpado, o Vincent acredita que um boneco chamado Eric, desenhado por seu filho, é a chave para encontrá-lo.

O Benedict Cumberbatch entrega uma performance poderosa e convincente, capturando a angústia e a obsessão de um pai à beira do colapso.

A desenvoltura dele é um dos pontos altos da série, trazendo à tona a complexidade do Vincent, um homem ao mesmo tempo talentoso e profundamente imperfeito, que tem uma psique perturbada. Seu casamento está acabando, e sua relação com seu filho é disfuncional.

Ele é notavelmente consumido por seus demônios internos, e ele tenta se curar sua ansiedade e culpa, bebendo, e se auto medicando. Isso misturado com outras coisas, o torna um personagem difícil de simpatizar, sua maneira abusiva e autoindulgente de ligar com as situações acaba tornando ele meio detestável, e eu não tinha um pingo de empatia por ele. Isso tornou sua a jornada emocional na série menos impactante. Entretanto a dinâmica dele com o monstro gigante ao seu lado criava situações engraçadas que quebravam o gelo, e a interação dos dois era algo que funcionava bem. Já que esse monstro parecia uma representação realista dos pensamentos intrusivos do Vincent, e ele servia como uma manifestação dos medos e da culpa dele, e toda sua vibe caótica, desafia Vincent a confrontar suas falhas e sua realidade fragmentada.

A série não se limita a ser um drama de mistério. Mas também aborda questões sociais relevantes como racismo, homofobia e desigualdade, refletindo as tensões da era Reagan de maneira eficaz.

A narrativa entrelaça a busca desesperada de Vincent com a investigação do detetive Michael Ledroit, que enfrenta um departamento de polícia corrupto, racista e homofóbico, enquanto lida com sua própria identidade como homem negro e gay que vive no armário. Essas camadas adicionam profundidade à história da série, tornando “Eric” uma série rica em conteúdo e significado.

A ambientação de Nova York dos anos 80 também é algo que se destaca. Isso a torna imersiva, com visuais sombrios que refletem a decadência e o desespero da época. Sendo que a atmosfera noir criada pela direção de Abi Morgan e Lucy Forbes complementa tudo isso, e mantém a tensão e o mistério ao longo dos seis episódios, envolvendo o espectador em uma trama cheia de reviravoltas. Sinceramente pra mim as subtramas acabaram tendo pouco impacto, por conta da forma com que os episódios eram trabalhados meio que sempre focado muito no sumiço do Edgar.

“Eric” é uma série que se destaca por sua ousadia e originalidade. A performance de Cumberbatch, aliada a uma narrativa rica em mistério e crítica social, faz dela uma produção compulsivamente assistível.

No entanto, seu tom sombrio implacável e personagens difíceis de gostar podem afastar algumas pessoas. Apesar dessas falhas, a série amarra seus fios narrativos de maneira eficaz, proporcionando uma experiência televisiva intrigante e, em muitos aspectos, recompensadora. “Eric” é um drama familiar, uma história de detetive e uma repreensão sombria às políticas sociais e econômicas da era Reagan. Tornando-se uma obra singular que vale a pena assistir.

Matheus Amaral

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Matheus Amaral

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