O primeiro Enola Holmes foi uma deliciosa surpresa, tivemos um mistério famíliar gostosinho de ser acompanhado, e atores ótimos vivendo os protagonistas. Então foi uma grata surpresa recebermos uma sequência.
O diretor Harry Bradbeer e o roteirista Jack Thorne adaptam o segundo livro da Enola Holmes, e claro eles também tomam algumas liberdades criativas pra que a história ande.
Nesse novo longa acompanhamos a Enola se tornando uma detetive e tendo sua própria agencia, mas ninguém acredita no potencial dela. Porém uma jovem chamada Bessie (Serrana Su-Ling Bliss) quer encontrar sua irmã desaparecida, Sarah (Hannah Dodd), e pra isso ela contrata a Enola. Só que o desaparecimento dessa mulher está ligado a uma grande fabrica de fósforos que está deixando as trabalhadoras doentes, e fazendo elas morrerem aos poucos. Quanto mais a Enola procura respostas mais ela descobre a corrupção que ocorre por baixo dos panos, e como a ganância de alguns pode ser mortal para outros.
Esse segundo filme trás diversos debates ótimos como a opressão das mulheres, a extorsão coorporativa, a corrupção, o sufrágio feminino, e claro o real significado de trabalho em equipe que é algo que a família Holmes desconhece. Mas que aos poucos eles aprendem consigo mesmos que podem pedir ajuda quando necessário, nem sempre você precisa resolver tudo sozinho.
Nesse novo filme eu senti que a história foi bem mais investigativa. Nós acompanhamos o egocentrismo da Enola tentando seguir os passos do seu famoso irmão famoso o sherlock, e tentando abrir seu espaço pra se tornar um detetive tão conhecida como ele. A dinâmica desses dois irmãos nesse filme foi deliciosa de ser acompanhada, sua investigação conjunta foi ácida, e bem inteligente. Os dois tem pespectivas muito independentes. Mas ao mesmo tempo cada um tem uma voracidade no olhar que trás uma energia boa pras cenas.
A Millie Bobby Brown tem muita personalidade vivendo essa personalidade, e ela tem um certo charme que faz com que todas as cenas se tornam hilárias, envolventes, e intrigantes. Sem contar que ela consegue sempre quebrar a quarta parede de uma forma agradável. Ela alterna sutilmente entre a comédia e o drama fazendo assim sua performance ser brilhante e encantadora. Já o Henry Cavill é um Sherlock, convincente, e junto com a Millie esses dois formam a dupla perfeita.
Tão perfeita quanto a Millie com o Louis Partridge que interpreta o nosso carismático e idiota, Viscount Tewkesbury. Ele é um bom complemento narrativo, e sua química com a Millie é integrável, tanto que a cena que os dois falam Eu te amo um pro outro foi uma cena que meus olhos marejaram. Já que o filme construiu tão bem a dinâmica doida desse relacionamento, que cada pequeno gesto acaba se tornando um grande gesto, e a sutileza como a relação deles é construída gera um grande impacto quando necessário.
Até mesmo as pequenas aparições, como a da Helena Bonham Carter não são dispensáveis. Ela é o alicerce que a Enola precisa em algumas situações, e suas breves cenas são divertidas e agregam bastante ao enredo. Principalmente quando vemos a dinâmica doida de mãe e filha, dela com a Enola.
Mesmo com as conveniências bem no finalzinho, o filme consegue usar bem a inteligência da Enola pra fazer a investigação caminhar bem com algumas mortes e temos um desfecho ambicioso, com muita luta.
No geral esse novo filme acrescentou positivamente ao universo dessa personagem, e ainda engrandeceu a história de todos os protagonistas. Foi uma sequencia que realmente agregou e trouxe conteúdo. A direção foi dinâmica, o roteiro foi inteligente e animador, o elenco é carismático e envolvente e eu veria todo ano um filme da Enola Holmes.
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